Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 092: Retomadas, tessituras e insurgência no fazer antropológico e outros fazeres.
Mulheres (re)fazendo mundos: aproximações entre Veena Das e as Encruzilhadas dos cultos afrodiaspóricos
Ao resumo interessa investir na compreensão dialógica entre as formas de habitar a vida cotidiana
mediante os eventos de dor e sofrimento em consonância com um exercício conceitual-filosófico próprio de
minha pertença comunitária e religiosa, que está ligada às religiões de matrizes afrodiásporicas
brasileiras, as Encruzilhadas. Em sua principal obra, Vida e Palavras: a violência e sua descida ao
ordinário, a antropóloga indiana Veena Das(2020) provoca um revisionismo à certeza
europeia-feminista-ocidental que sempre buscou universalizar as noções de resistências femininas a partir do
modelo binário da subordinação e subversão, excluindo o que é corporal, feminino, emocional, não racional e
intersubjetivo(MAHMOOD, 2006). Desta forma, Das(2020, p. 27) ao se questionar o que é recolher os pedaços e
viver nesse lugar de devastação?, sua intenção é romper com a visão dos corpos que estão nas margens como
os outros, os subalternos e as vítimas; nos mostrando que esses corpos estão a todo momento se
constituindo a partir da vida de muitos outros; dentro de uma dinâmica onde esses corpos estão a todo
momento repensando, reavaliando e reescrevendo suas vidas(DAS, 2022).Isto posto, é que acredito que a
perspectiva das Encruzilhadas encontra caminho com o pensamento da antropológa indiana a medida que este
lugar(as Encruzas) inscreve nossa capacidade de a todo momento (re)inventar nossas formas de viver, lócus
onde são determinados diversos caminhos com a intenção pedagógica de mostrar o quanto e de como a todo
momento estamos fazendo e nos refazendo nos limites da vida cotidiana, dentro de um oriki que diz: Exu faz o
acerto virar erro e o erro virar acerto(RUFINO,2019), concatenado nessa capacidade que todos nós
carregamos, de sempre estar reavaliando e reescrevendo nossas relações uns com os outros.
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