ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 086: Povos indígenas e experiências de construções biográficas
Caminhos Invisíveis: Crianças Indígenas em Manaus e a História Não Contada da Era da Borracha
Ao focar nas trajetórias de crianças indígenas em Manaus no final do século XIX, esta apresentação conta uma história da opulenta cidade da borracha que não se vê em livros didáticos nem na historiografia tradicional da cidade. Nesta narrativa, delineio a história das redes de poder relacional que orquestrou a circulação de crianças, trabalho infantil e inserção em internatos na Paris dos Trópicos”. Através da história de vida de Angela, Benedicta e Pulcheria, é possível entender num nível micro como a concessão, ou negação, da cidadania operava para as populações indígenas no período pós-independência, marcado pela crescente precarização que ainda permeia a realidade indígena contemporânea no Brasil. A história do Brasil perpetuou por muitos anos uma perspectiva das populações brasileiras como vítimas passivas ou como heróis que se sacrificaram aliando-se aos colonizadores, portanto, personagens idealizados de um passado distante. Essa narrativa histórica escrita do ponto de vista do colonizador e criada para consolidar uma ideia de nação homogênea sobre a égide do Tupi legitimou uma antropologia das perdas”. A partir dos anos 90, o campo da história indígena tem desafiado essas narrativas que relegavam os indígenas a papéis secundários na história do Brasil. Deste modo, ao enfocar possíveis construções biográficas do passado, podemos fortalecer os esforços em escrever uma história e uma realidade contemporânea embasadas em diversas vozes.