ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 068: Liderança: estilos, modos, formas, problemas e exemplos entre camponeses, quilombolas e povos tradicionais
Conversar não é governar: trajetórias de lideranças comunitárias na construção e na condução da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí
A presente comunicação é fruto de conversas e da convivência de uma liderança do Território Quilombo Lagoas (caatinga piauiense) com um antropólogo que reside na mesma região. Dessa relação forjou-se uma pesquisa colaborativa à forma de antropologia compartilhada em que as diferenças constitutivas dos pontos de vista fazem da autoria um esforço de confluência, ou seja, que junta sem misturar. Foi escrita, portanto, por amigos e vizinhos que, partindo da distinção liderança política e liderança comunitária, descreve encontros com narrativas complicadas sobre territórios quilombolas e sua relação com o movimento quilombola como uma articulação dotada de escalabilidade, e com a política, que é sempre outra relação. Pretendemos, com isso, relatar as histórias contadas por lideranças, políticas e comunitárias - todas quilombolas -, cujas trajetórias têm confluência com a criação da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ). Nosso objetivo é compreender como é que lideranças quilombolas mobilizam a distinção entre política e comunidade em suas narrativas de trajetória, assim como seu desdobramento em outras tensões constitutivas. Assim, oposições como dinheiro e relação; conversar e governar; orientam temas como políticas de vizinhança e relações de parentesco cujo manejo dão dinâmica para noções como proximidade e afastamento entre pessoas na constituição de lideranças e sujeitos coletivos. É na medida em que não é necessário morar nas proximidades para ser vizinho e não é preciso ser parente para que existam relações de sangue que se constitui um repertório de significados para refletir a respeito de uma coordenação de territórios em escala estadual em cuja articulação todos são irmãos quilombolas.