Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 055: Etnografias de processos de resistência de povos indígenas em Estados e governos de exceção
Resistência indígena durante o Estado Novo e a ditadura civil-militar no sul da Bahia
A comunicação propõe refletir, a partir de narrativas indígenas, literatura e material jornalístico,
sobre os enfrentamentos protagonizados pelo povo Pataxó Hãhãhãi da Terra Indígena Caramuru-Catarina
Paraguassu, localizada no sul da Bahia, durante dois períodos de exceção vivenciados pelo Estado brasileiro:
o Estado Novo (1937-1945) e a ditadura civil-militar (1964-1985). Entre os anos de 1937 e 1938, o Serviço de
Proteção aos Índios (SPI) procedeu à demarcação das terras da reserva, que havia criado em 1926. Ocorre que
ela não contemplou toda a área inicialmente reservada, e os jornais da época noticiaram que os indígenas
realizaram um "levante comunista", acusando-os, assim como o chefe de posto do SPI, de pertencerem ao
Partido Comunista do Brasil (PCB) (Lins, 2007). O objetivo de uma apresentação sobre esse período não se
restringe a uma descrição simples dos fatos; busca-se, antes, analisar como as narrativas dos indígenas, dos
jornais e da literatura trataram as ações de enfrentamento e resistência indígena frente às acusações.
Note-se que as narrativas indígenas reputam a esse evento a sua capacidade de mobilização e organização nos
anos 1970 para reaver áreas da terra indígena invadida entre as décadas de 1930 e 1970. Criado em 1976, o
grupo intitulado Luta pela Terra representou o começo das mobilizações para recuperar o território. Ele era
formado por indígenas do povo Pataxó Hãhãhãi que se encontravam em localidades distintas, tanto no interior
da terra indígena como em seu entorno. Considerando o Estado Novo e a ditadura civil-militar como uma
continuidade histórica, os Pataxó Hãhãhãi constroem suas narrativas considerando o Estado como um ente
tutor, ao mesmo tempo incentivador das invasões, opressor e repressivo.
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