Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 083: Patrimônios culturais e meio ambiente: pensando a proteção de modos de vida e territórios de povos e comunidades tradicionais
Os sistemas agrícolas tradicionais como estratégia de salvaguarda dos territórios Vazanteiros no Médio
São Francisco mineiro
Em oposição a uma agricultura de base extrativista e subordinada ao capital internacional, os sistemas
agrícolas tradicionais (SAT´s) de distintos grupos étnicos têm assumido relevância nas políticas voltadas
para segurança alimentar, desenvolvimento rural e patrimônio cultural. Casos específicos, se referem ao SAT
das Apanhadoras de Flores Sempre Viva (MG), reconhecido pela FAO como parte dos Sistemas Importantes do
Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM) e das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira (RJ) e do Rio Negro
(AM), reconhecidos pelo IPHAN enquanto Patrimonio Cultural Brasileiro. No Médio rio São Francisco mineiro,
as comunidades tradicionais vazanteiras, identificadas pelos de fora como "gentes do rio" e "povos das águas
e terras crescentes, em referência ao modo de vida construído na relação com este rio e ao manejo de suas
ilhas e terras altas, teve seu SAT premiado pela EMBRAPA (2019) e processo de seu reconhecimento enquanto
patrimônio cultural imaterial aberto pelo IEPHA-MG (2023). Cabe ressaltar, o contexto de conflitos
ambientais e territoriais de longa duração, vivenciados por estes grupos que envolvem, violência, esbulho e
confinamento nas margens e ilhas do rio São Francisco. Conjuntura decorrente das políticas de
desenvolvimento econômico e ambientais, que se referem às disputas de seus territórios tradicionais ocupados
(TTO) com o agronegócio e unidades de conservação. Portanto, o presente estudo buscará refletir sobre as
estratégias de resistência, utilizadas pelas comunidades vazanteiras do rio São Francisco, no diálogo com os
dispositivos normativos do campo patrimonial, tendo como foco seu SAT. Para tanto, utilizamos de revisão
bibliográfica, análise documental e trabalho de campo etnográfico.
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