Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 080: Ontologia e Linguagem: línguas indígenas, artes verbais e retomadas linguísticas
Poéticas ameríndias e caminhos da tradução: perspectivas à partir da etnografia krahô
Nesta comunicação, irei apresentar alguns exercícios de tradução em torno de exemplares de dois gêneros
de arte verbal krahô (povo indígena falante de uma língua Jê, que vive no norte do Tocantins) que estiveram
no centro de minha tese de doutorado (Packer, 2020): o canto da Machadinha, longo canto narrativo que narra
o mito de origem desse artefato ritual; e os cantos de Maracá, cantos que, ao contrário, são bastante
concisos e nos quais uma miríade de seres não-humanos se nomeiam e se apresentam aos humanos, descrevendo
detalhes sensíveis de suas formas de vida. Buscando dar um passo além em relação à tradução etnográfica e à
tradução linguística comumente praticadas por antropólogos e linguistas, irei apresentar alguns resultados
preliminares de um exercício de tradução criativa que busca dar conta de qualidades formais e poéticas
geralmente ignoradas pelas demais modalidades de tradução. Para tanto, lanço mão de um repertório de
referências literárias e de um diálogo com teorias da tradução que, acredito, têm muito a contribuir tanto
para a apreciação quanto para a compreensão de tais formas verbo-musicais para além do registro meramente
documental, contextual ou semântico.
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