ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 099: Técnica, Território e Práticas de Conhecimento
COSMONUCLEAÇÃO REGENERATIVA E RESTAURAÇÃO BIOCÊNTRICA: Um encontro vivo entre mundos no Povo Xukuru do Ororubá.
O Povo Xukuru do Ororubá iniciou em janeiro de 2024 um projeto em parceria com a FAO (Food and Agriculture Organizaton), de Restauração Biocêntrica, categoria criada pela própria a qual valoriza processos de restauração ecológicas impulsionados por humanos, no qual o objetivo principal não é o uso humano dos benefícios alcançados, mas sim a própria vida. Em paralelo, dentro do povo Xukuru do Ororubá, foi criado há 3 anos pelo Coletivo Jupago Kreká, a categoria prática chamada Cosmonucleação Regenerativa, que visa ações humanas de impulsionamento de regeneração ecológica centrada em núcleos de força, sendo o objetivo central, o fortalecimento do próprio núcleo de força e de suas relações ecológicas no cosmos. Este trabalho visa compreender como o encontro entre estas categorias se expressa a partir de práticas e técnicas, considerando os métodos recomendados pela FAO para aplicação e seu uso prático com técnicas desenvolvidas localmente dentro do conceito de Cosmonucleação Regenerativa. A partir das necessidades metodológicas da FAO, indicadores e documentações passam a ser importantes dentro do processo, assim, técnicas são revisitadas para atender a indicadores com objetivos direcionados a um público distinto, envolvendo aprendizado de novas tecnologias e objetos técnicos, e o desenvolvimento de diferentes itinerários e movimentos dentro de trabalhos regenerativos. Apesar dos conceitos nascerem em contextos diferentes, um de um contexto cosmológico local, e outro, a partir de pesquisas com diversas comunidades em diálogos com agências internacionais de desenvolvimento, ambos procuram se distanciar do antropocentrismo e de dualismos como natureza/cultura, material/imaterial, porém consideram o humano enquanto agente planificador do processo em diferentes níveis. Mesmo assim, o fato de planejar não quer dizer que seja considerado necessariamente o principal agente do processo. Esse trabalho é uma pesquisa em andamento a partir do acompanhamento de trabalhos práticos que envolvem mapeamentos técnicos e de tradições de conhecimentos, pela percepção de relações cosmológicas. Utilizarei algumas ferramentas teóricas como o contexto sócio-ecológico-territorial, como pensado por Fabio Mura, dentro de uma ecologia feral como pensado por Tsing, em relações práticas sensíveis, onde corpo, mente e ambiente passam a ser indissociáveis em um contexto sensorial háptico, como debatido por Ingold.