ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 072: Migrações, mobilidades e deslocamentos: problemas sociais, desafios antropológicos
Chibeiros, quileiros e passadores: Uma etnografia das práticas e narrativas de policiais em torno das dinâmicas de mobilidade na fronteira entre Brasil, Argentina e Uruguai
Atravessar fronteiras é um fenômeno que pode significar modificar a condição do sujeito em diferentes aspectos. De nacionais passamos a estrangeiros, o legal pode se tornar ilegal e o legítimo pode ser suspenso. Atravessar fronteiras pode significar adentrar em outros regimes jurídicos, morais e identitários. Considero que circular pelas fronteiras pode então promover aprendizados contínuos acerca das normativas e discursividades estatais postas em prática pelos atores envolvidos nas dinâmicas do ir e vir dos espaços fronteiriços. Chibeiros, quileiros, passadores são alguns dos personagens mais característicos da zona fronteiriça no sul do Brasil e discuto como essas categorias circulam no cotidiano e entre os policiais de fronteira. Esta pesquisa é uma etnografia das fronteiras sul do Brasil para conhecer e analisar as narrativas e práticas de policiais que incidem sobre as categorizações e tipificações de imigrantes e da própria mobilidade internacional. Esta pesquisa trata-se de uma etnografia multissituada (MARCUS, 1995) junto a atores da segurança pública brasileiros, argentinos e uruguaios nos espaços fronteiriços de aduanas, a fim de analisar as disputas de sentido, valores e práticas em torno do processo de identificação. O foco deste estudo é examinar os processos subjetivos implicados nas políticas de controle e vigilância. A partir da noção de tecnologias da governamentalidade, desde Foucault a trabalhos de Didier Fassin (2013) e Josiah Heyman (1995), diretamente com policiais, indago sobre quais as categorias que manejam em seu trabalho diário nas regiões de fronteira. Quais as histórias fronteiriças, as tipificações acerca do legal e do ilegal e quais as técnicas de identificação e controle? Como as experiências diretas se relacionam com os dispositivos administrativos de identificação? Nesse sentido, essa pesquisa de doutorado faz uma análise crítica do controle imigratório e fronteiriço a partir dos agentes de segurança pública. PALAVRAS-CHAVE: Fronteira; imigração, narrativa; etnografia; controle; vigilância; policiais