Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 071: Mercados culturais e trabalho: desafios e fazeres etnográficos
O trabalho na costura em Campo Grande (MS): Etnografia em um cenário de precarização.
Palavras-chave: Trabalho, Reestruturação Produtiva, Mundo da costura.
RESUMO:
Em Campo Grande (MS), as trabalhadoras da costura costumam exercer os seus ofícios em suas casas e através
da modalidade de facção, na qual recebem peças (de camisetas ou calças de colégio, por exemplo) cortadas em
fardos e as quais devem montar de acordo com uma peça piloto e uma ficha técnica. Os intermediários são os
agentes (comerciais) que se colocam entre elas e os clientes (pequenas e médias empresas de confecção de
vestuário esportivo, profissional e escolar, em geral), controlando assim a organização dos seus serviços no
mercado local.
Esse controle coloca as costureiras numa situação de competição e de precarização, na medida em que os
primeiros tendem a escolher quem aceita receber os menores valores. Eles costumam demandar serviços de
costura sem qualquer tipo de contrato formal, exigindo das trabalhadoras que tenham maquinário adequado para
a produção, flexibilidade de horários, capacidade de aceitar longas jornadas diárias e prazos curtos de
entrega. Não rara são as vezes em que um intermediário não paga a costureira pela tarefa realizada, e ela
acaba aceitando costurar novas peças a seu pedido ao se ver dependente dele.
O objetivo desta comunicação é refletir a respeito da construção social do trabalho na costura em Campo
Grande, sob a ótica das costureiras da cidade, e num contexto de transformações do trabalho na cidade, com a
criação artista passando a mobilizar a produção dos mais variados bens e serviços, como hambúrgueres,
roupas, cervejas, cortes de cabelo e feiras, por exemplo, marcando a emergência local do chamado novo
capitalismo ou capitalismo artista.
Quais seriam as formas de percepção do trabalho existentes entre essas trabalhadoras? Haveria o domínio de
um tipo de visão dessa atividade? Quais valores as orientam? Até que ponto seus olhares sobre o trabalho são
pautados por valores como a confiança, a solidariedade e o compromisso interpessoal a longo prazo? Como
pensar a presença desses valores nas suas percepções a respeito dessa atividade? Como as transformações
recentes no mundo do trabalho, com a esfera estética ou cultural assumindo um papel de destaque na
organização desse universo, são vividas pelas trabalhadoras da costura em Campo Grande? Esta comunicação
toma essas questões como ponto de partida para pensar uma etnografia do universo local da costura, sob a
ótica das costureiras.
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pimenta.manoel@ufms.br