Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 064: Gêneros, sexualidades e corpos plurais: abordagens antropológicas de práticas esportivas
A Quem Cabe Controlar o Jogo? Uma Reflexão Antropológica sobre Arbitragem e a Participação de Pessoas
Negras
A presente comunicação retoma o percurso de pesquisa no qual a preparação e a atuação de árbitros/as de
futebol foram objetos de reflexão. Para dar conta desse empreendimento, a investigação até aqui transitou
por dois contextos distintos de participação neste ofício - o circuito da arbitragem de competições amadoras
que opera na cidade de Porto Alegre-RS e o curso de formação de árbitros/as que atuam em competições
profissionais, ministrado no âmbito da Federação Catarinense de Futebol, na cidade de Balneário Camboriú-SC.
A partir da inserção etnográfica nesses espaços, tendo como base a condição do autor como aprendiz em ambas
circunstâncias, objetivou-se compreender de que maneira a constituição do modelo laboral genérico neste
trabalho engloba, nem sempre de forma conciliatória, as diferenças que as pessoas que se interessam pela
arbitragem, como ocupação e forma de sustento, trazem consigo - com especial atenção ao marcador de
raça/etnia. Para isso, a comunicação aprofunda-se em uma ideia que é pervasiva ao contexto da arbitragem de
futebol: "controlar o jogo". Não só os debates sobre esse tema são constantes entre as pessoas em
formação/atuação, bem como essa categoria configura a expertise por meio de um processo de padronização de
habilidades restituídas pelo treinamento. Ao fazer convergir a reflexão sobre o controle do jogo com a
produção de diferenças embasadas por distintos marcadores sociais, questiona-se como seria possível pensar
lugar das pessoas negras na arbitragem de futebol.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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