ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 064: Gêneros, sexualidades e corpos plurais: abordagens antropológicas de práticas esportivas
A Quem Cabe Controlar o Jogo? Uma Reflexão Antropológica sobre Arbitragem e a Participação de Pessoas Negras
A presente comunicação retoma o percurso de pesquisa no qual a preparação e a atuação de árbitros/as de futebol foram objetos de reflexão. Para dar conta desse empreendimento, a investigação até aqui transitou por dois contextos distintos de participação neste ofício - o circuito da arbitragem de competições amadoras que opera na cidade de Porto Alegre-RS e o curso de formação de árbitros/as que atuam em competições profissionais, ministrado no âmbito da Federação Catarinense de Futebol, na cidade de Balneário Camboriú-SC. A partir da inserção etnográfica nesses espaços, tendo como base a condição do autor como aprendiz em ambas circunstâncias, objetivou-se compreender de que maneira a constituição do modelo laboral genérico neste trabalho engloba, nem sempre de forma conciliatória, as diferenças que as pessoas que se interessam pela arbitragem, como ocupação e forma de sustento, trazem consigo - com especial atenção ao marcador de raça/etnia. Para isso, a comunicação aprofunda-se em uma ideia que é pervasiva ao contexto da arbitragem de futebol: "controlar o jogo". Não só os debates sobre esse tema são constantes entre as pessoas em formação/atuação, bem como essa categoria configura a expertise por meio de um processo de padronização de habilidades restituídas pelo treinamento. Ao fazer convergir a reflexão sobre o controle do jogo com a produção de diferenças embasadas por distintos marcadores sociais, questiona-se como seria possível pensar lugar das pessoas negras na arbitragem de futebol.