Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 023: Antropologia e saúde mental: sofrimento social e (micro)políticas emancipatórias
Subjetivações neoliberais e sofrimento social: políticas globais de saúde mental em tempos de neoliberalismo
O objetivo deste artigo é analisar as políticas globais de saúde mental em contexto de hegemonia neoliberal. A proposta parte da constatação de que a forma específica das subjetivações neoliberais, discutidas por Foucault em O nascimento da biopolítica, remete a formas específicas de produzir e lidar com o sofrimento e as aflições. Ao contrário da concepção liberal, em que o sofrimento deve ser eliminado ou contido, porque retira o sujeito do processo produtivo, no neoliberalismo o sofrimento é economicamente produtivo, conforme nos aponta Saflate (2021). Entre outros documentos, será relevante o documento World Mental Health Report, da OMS, publicado em 2022 e considerado a maior revisão sobre saúde mental global publicada nas últimas décadas. Como constatamos em outras análises de políticas de saúde mental, há uma dinâmica de abordagem do sofrimento a partir da série individualizada do sintoma-diagnóstico-tratamento, mesmo quando determinados problemas de saúde mental são considerados em sua dimensão social. Nossa pergunta de fundo, na perspectiva da abordagem antropológica da saúde, é sobre como uma experiência social de sofrimento é produzida como problema psicológico, psiquiátrico ou biomédico em geral e o quanto essa matriz de apreensão do sujeito responde a uma razão neoliberal.
FOUCAULT. Michel. Nascimento da biopolítica. São Paulo, Martins Fontes, 2008.
SAFATLE, Vladimir. Introdução. In: Safatle, V. Silva Jr, N.; Dunker, C. Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico., Belo Horizonte: Autêntica, 2021, 9-13
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