ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 025: Antropologia(s) Contemporânea(s) e Sofrimento Psíquico
Quilombos, saúde mental e conflitos socioambientais: apontamentos sobre a desigualdade em saúde como expressão da qualidade ambiental do território
Priscila Soraia da Conceição (UTFPR), Maria Janaína Silva dos Santos (UFRN), Rosimeiry Florêncio de Queiroz Rodrigues (UERN), Anaxsuell Fernando da Silva (UNILA)
Esta comunicação se propõe discutir a relação entre saúde mental e ambiente em comunidades tradicionais a partir da confluência do debate entre diferentes projetos de investigação em curso. O ponto de partida se dá na utilização de metodologias participativas, não-extrativistas e de pesquisa-ação, em três comunidades quilombolas do nordeste brasileiro, duas no Rio Grande do Norte (Jatobá e Nova Esperança) e uma na Paraíba (Talhado). Do ponto de vista metodológico, estas investigações etnográficas partilham do testemunho e da experiência de marginalidade, subalternidade e subjugação, de onde emergem estes sujeitos políticos e suas perspectivas a respeito do impacto das questões ambientais na saúde mental da comunidade. Essa proposta de análise e compreensão desafia as narrativas hegemônicas, ao mesmo tempo que promove o interesse em estabelecer as relações entre história, memória, saber e poder em uma perspectiva contra-colonial, que permita pensar aspectos comunitários em saúde mental como expressão da qualidade ambiental do território onde vivem. Para este trabalho, priorizaremos a relação destas comunidades com a questão do acesso à água para abastecimento doméstico, do gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares e dos impactos decorrentes da geração de energia eólica. Entendemos que este debate propicia evidenciar os processos reveladores da determinação social da saúde mental e ambiental em comunidades quilombolas, assim como os processos geradores de desigualdades socioespaciais e raciais em saúde e sua articulação com movimentos sociais envolvidos em processos de mobilização e resistência. Reconhecer tais processos, a partir das vozes dos moradores, contribui para o enfrentamento das desigualdades e injustiças por intermédio de uma promoção emancipatória da saúde mental.