Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 025: Antropologia(s) Contemporânea(s) e Sofrimento Psíquico
Práticas Integrativas e Complementares de Saúde: um novo paradigma no tratamento do sofrimento psíquico
O processo de adoecer, por colocar a vida humana em risco, sempre foi alvo de inquietações. Nas sociedades ocidentais, o modelo explicativo para o processo de saúde e doença é estruturado pelo paradigma biomédico. Este respectivo paradigma é constituído por princípios científicos e busca compreender e curar doenças com base em causas físico-químicas e biológicas. Dentre as suas mais diversas características, o modelo biomédico enxerga o corpo humano como uma máquina. E, mediante essa visão, a doença é caracterizada como uma disfunção em algum dos sistemas que nos compõe.
A medicina ocidental se tornou uma ferramenta de normatização, definindo tanto o que é comum quanto o que é patológico. Contudo, nas últimas décadas, ela tem sido alvo de questionamentos por razões éticas, filosóficas e culturais. Dentre os questionamentos, destaca-se o argumento de que o paradigma de saúde hegemônico das sociedades ocidentais é reducionista. Além do mais, os tratamentos médicos têm sido reavaliados pelo uso excessivo de medicamentos e por sua ineficácia na cura de algumas enfermidades de ordem psicológica, tal como o sofrimento difuso.
Tendo isso em vista, a Organização Mundial da Saúde (OMS), tem promovido o exercício de repensar o conceito reducionista de saúde. Uma consequência disso foi que, a partir de 2003, passou a recomendar aos seus Estados Membros a adoção de Práticas Integrativas e Complementares de saúde (PICs) como aliadas na luta pela prevenção e cura de enfermidades, principalmente de ordem psicológica. No contexto brasileiro, tal recomendação foi aceita em 2006 por meio da publicação da portaria 971, que implementou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS).
Diante deste atual cenário, o presente trabalho possui como objetivo examinar a relação entre Práticas Integrativas e Complementares de Saúde e o tratamento de doenças mentais. Especificamente, revisaremos produções desenvolvidas no Brasil sobre essa temática. Faremos uma análise crítica de oito estudos teóricos obtidos na biblioteca eletrônica SCIELO, identificando suas principais perspectivas e modos de abordar o tema. Com isso, esperamos contribuir com o mapeamento das contribuições teóricas brasileiras nesse campo e a enriquecer a discussão antropológica sobre diferentes abordagens de cuidados em saúde.