Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 026: Antropologia, memória e eventos críticos
A CORRENTEZA DAS MEMÓRIAS: A construção da memória pós Companhia de Tecidos Rio Tinto
Com um histórico fabril, diferentes configurações acompanharam e atravessaram as últimas décadas em Rio Tinto, impactando direta e indiretamente todos os aspectos sociais e naturais do entorno. A cidade, localizada no Litoral Norte da Paraíba, com uma população de 24.581 pessoas e a 60 quilômetros da capital João Pessoa, também abrange parte do território indígena Potiguara. Em 1924, nesta cidade, foi fundada a Companhia de Tecidos Rio Tinto, uma fábrica têxtil criada pelos filhos herdeiros do sueco naturalizado brasileiro Herman Theodor Lundgren, que também era proprietário da Companhia de Tecidos Paulista, em Pernambuco. A fábrica produzia tecidos de algodão e chegou a ser o maior complexo do setor têxtil na América do Sul. No entanto, a partir da década de 1970, a Companhia entrou em crise e foi gradualmente desativada, até ser fechada definitivamente nos anos 90. Assim sendo, o foco desta pesquisa etnográfica é analisar os impactos dessas mudanças na paisagem política e social sobre a construção da memória da população local, uma vez que esses resultados demonstram perspectivas importantes, muitas vezes silenciadas, sobre fatos relevantes do Brasil no último século, possibilitando compreender como os moradores do município percebem esses acontecimentos e os incorporam em seus corpos, suas histórias e suas memórias. Além disso, questiona-se a questão patrimonial e territorial, visto que os vestígios físicos da fábrica permanecem na cidade sob a forma de novos espaços, como o Campus IV da Universidade Federal da Paraíba, atualmente situado no edifício principal da antiga Companhia, ou como ruínas que se mesclam entre a vegetação e outros espaços.