Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 006: Antropologia audiovisual com fotografias e filmes: da película ao digital
Um defeito de cor: Reflexões sobre o racismo na fotografia analógica a partir do caso dos Shirley Cards
O presente trabalho se propõe a analisar uma das maneiras como o racismo se manifesta na fotografia através da análise do que foram as cartelas de calibração de cor para revelação de fotografias analógicas introduzida pela Eastman Kodak Company nos anos 1940, conhecidas popularmente nos Estados Unidos como Shirley Cards. As cartelas possuem a função de calibrar e padronizar as cores, particularmente tons de pele, no processo de revelação e ampliação de negativos fotográficos por laboratórios da Kodak. Os cartões receberam seu apelido em referência a mulher que estampa a primeira versão da ferramenta, Shirley Page. O tom de pele de Shirley, mulher branca, era utilizado como o instrumento oficial para a calibração de cores e ajustes de tons de pele em todos os laboratórios da empresa que foi a maior companhia de produtos fotográficos do mundo, revelando um viés racial na própria constituição da fotografia enquanto suporte, técnica e mídia. Esta comunicação visa retomar as discussões e críticas já levantadas vários intelectuais acerca das problemáticas que podem ser observadas a partir da questão dos Cartões Shirley e os impactos que esse viés racial pode ter conferido a relação histórica entre as populações negras do mundo e a fotografia. Pretende-se também ensaiar sobre estratégias de superação desse viés empregadas por pessoas negras na fotografia e possíveis reverberações desse caso na fotografia digital e no trabalho de artistas negros e negras na contemporaneidade. O trabalho visa compreender como esta querela aparece e é discutida nos campos dos estudos das relações étnico-raciais e das imagens.
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