Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 036: Cidades: espaço construído e formas de habitar
Mulheres das palafitas de Santos: A feminização do déficit habitacional a partir de narrativas biográficas
O cenário habitacional brasileiro apresenta diversas nuances sobre as condições precárias de morar. No entanto, a responsabilidade por esses domicílios é assumida majoritariamente por mulheres que compartilham atribuições comuns, sendo elas as chefes de família. De acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP), 62% do déficit habitacional, conforme levantamento do IBGE no período de 2014 a 2019, é composto por mulheres como pessoa de referência, vivendo em arranjos familiares monoparentais (mães solo). Outro indicador relevante refere-se à participação feminina nos índices de precariedade habitacional na região sudeste, alcançando 67,5% dos domicílios nesse mesmo período.
Nesse contexto, este trabalho concentra-se na tipologia habitacional das palafitas, em particular no aglomerado de palafitas que compõem a favela Dique da Vila Gilda, situada na zona noroeste de Santos/SP. A pesquisa baseia-se na coleta de relatos autobiográficos de moradoras dessa comunidade, realizados em junho de 2023.
O objetivo é compreender primeiramente, por meio de levantamentos bibliográficos, os processos sociais e urbanos que contribuem para a feminização do déficit habitacional, abordando questões interseccionais relacionadas ao gênero. O embasamento teórico busca fundamentar interpretações extraídas dos relatos autobiográficos, os quais foram coletados por meio de procedimentos de pesquisa biográfica interpretativa. Por fim, pretende-se discutir como o método das narrativas biográficas pode contribuir para a formulação de políticas habitacionais mais eficazes, que compreendam as necessidades de grupos específicos a partir da capacidade interpretativa dos indivíduos sobre sua vida cotidiana.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA