Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 046: Educação diferenciada e territorialidades: fazeres, conflitos e resistências
A escola como ferramenta de luta pela terra em retomadas Guarani e Kaiowa
Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, está localizada uma das terras indígenas mais populosas do Brasil: a Reserva Indígena de Dourados (RID). Com cerca de 20 mil pessoas, vivem nela famílias dos povos Kaiowa, Guarani e Terena, sendo as duas primeiras as etnias mais numerosas e a partir das quais me proponho a pensar as questões desse trabalho. A RID é conhecida, nacional e internacionalmente através de noticiários, movimentos sociais e pesquisas acadêmicas, pela precariedade em que vivem os indígenas que nela residem e pelas situações de violências aos quais foram submetidos desde que foram expulsos de seus territórios tradicionais e recolhidos em pequenas áreas demarcadas pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) em 1917. Em contrapartida, os Guarani e Kaiowa são conhecidos pelas respostas aos ataques de seus direitos através das reocupações dos territórios tradicionais, identificado por eles como tekoha ou retomadas. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo trazer reflexões a partir das experiências dos Guarani e Kaiowa com a educação escolar na finalidade de compreender a relação entre luta pelo território e novas modalidades de educação escolar dentro das áreas ainda não demarcadas. As parentelas guarani e kaiowa envolvidas em processos de recuperação dos territórios tradicionais têm dado especial atenção para projetos de educação, que aparecem como um auxílio da luta pelo tekoha e teko porã (bem viver). Dessa forma, o objetivo desse trabalho é elucidar sobre os impasses enfrentados pelos Guarani e Kaiowa na luta para efetivação da escola, bem como, discutir sobre as novas modalidades de educação escolar indígena como política guarani e kaiowa voltada para defesa do território retomado.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA