Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 084: Patrimônios Culturais, Gênero e Diversidade Sexual: confluências e divergências
O protagonismo das mulheres marabaixeiras na produção e comercialização de bens associados ao marabaixo
do Amapá.
Em Macapá e nos municípios limítrofes de Santana e Mazagão, onde há a ocorrência do marabaixo no Amapá,
com atenção às inúmeras comunidades negras rurais presentes nesses territórios, é possível verificar a
circulação de artefatos oriundos da produção artesanal feita em sua maioria por marabaixeiras, que se
destinam à comercialização de objetos como representativos do universo afroamapaense do marabaixo, tais
como: a caixa de marabaixo, a gengibirra, as indumentárias, colares, pulseiras, enfeites de flores,
bonecos(as) marabaixeiros(as) etc. No contexto do processo de patrimonialização do marabaixo, esses bens são
entendidos pelo Iphan como bens associados ao bem registrado, tanto que na fase de documentação do processo
são contemplados no inventário e no dossiê de registro, bem como, após o registro são potencialmente
estratégicos para a formulação das políticas públicas no âmbito da salvaguarda, que é um espaço atuação
política institucional que busca garantir a promoção, valorização e a transmissão de conhecimentos sobre o
patrimônio cultural imaterial acautelado. Nesse viés, conforme os dados que vêm sendo obtidos através da
realização de um diagnóstico da dinâmica econômica do marabaixo com as detentoras e detentores por meio de
entrevistas estruturadas, pretende-se analisar os aspectos socioeconômicos da vida das entrevistadas e
entrevistados, que como produtores de bens afrocentrados busca-se compreender como se identificam com o bem
registrado como Patrimônio Cultural do Brasil. A pesquisa aponta para o protagonismo das mulheres na
produção e circulação desses bens associados ao marabaixo, tal como ocorre na participação social do
processo de patrimonialização. No entanto, quando analisa-se o tipo de artefato produzido é possível
perceber a reprodução de uma divisão social quanto ao sexo/gênero. Outro ponto importante nos resultados da
pesquisa a ser analisado é o fato de que a realidade da produção e comercialização não fornece plenamente o
sustento das famílias, pois a maioria dos sujeitos necessita exercer atividades profissionais paralelas para
garantir melhores condições materiais de vida, como também há casos que indicam situações de vulnerabilidade
social, o que nos leva a pensar que os processos de reconhecimento do marabaixo na esfera pública ainda não
são suficientes para mudar a realidade dos sujeitos.