Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 074: Modos de aprender e de ensinar a antropologia: desafios contemporâneos da formação e da escrita em antropologia
Antropologia no ensino médio: perspectivas para uma educação democrática e antirracista
Por vezes o Ensino Básico é um lugar da docência tida como menos valorizada. Mas é na educação básica,
este lugar onde se objetiva formar estudantes para seguirem carreiras distintas, que a atuação em
antropologia pode fazer uma grande diferença. Pensar formas de construir debates que tenham a antropologia
como caminho condutor de aprendizagem é um dos grandes desafios de quem atua na educação básica. A educação
com viés de transformação social ou que dialogue com os contextos sociais de estudantes não é o ponto
principal dos currículos e das práticas em instituições como os Institutos Federais; mesmo descritas nas
resoluções e missões institucionais. Isso gera efeitos na forma como todos/as se identificam, significam o
conteúdo, se entendem enquanto sujeitos sociais e constroem suas identidades. Logo, trazer um debate
fortalecido que atente para as questões sociais em sua complexidade tem muito potencial. Aqui, o olhar está
voltado para os impactos de uma educação antirracista e democrática nesta etapa da formação escolar,
observando o quanto é promissor para a construção de uma noção de sociedade. Como o pensamento antropológico
pode ser transformador para a formação desses estudantes? Quais os impactos de uma formação realizada por
docentes da área da antropologia na educação básica? Quais as formas de fazer antropologia para educar
jovens? São algumas das perguntas que permeiam esta discussão. Neste momento me preocupa debater estas
questões por um viés específico, aquele que fala de uma educação antirracista e democrática. Tema que não
pode mais ser ignorado e que deve perpassar todas as esferas da educação e das nossas vidas. Assim, penso a
educação básica como lugar potente para este diálogo, lugar promissor se pensarmos no efeito a médio e longo
prazo. Fazer o estudante pensar criticamente atento a um debate racial, de classe, de gênero e que olhe para
a sociedade e suas relações de forma comprometida é uma tarefa difícil, mas que pode ser apaziguada quando
utilizamos das ferramentas antropológicas. A perspectiva de uma educação antirracista e democrática me
parece ser uma produção de futuro. Mas é também uma base para caminhar no presente. Deste modo, este
trabalho visa apresentar a experiência e os desafios de uma professora antropóloga no ensino médio,
apontando como a antropologia tem sido ferramenta de construção para produção de uma educação antirracista e
democrática. Apresentando as relações feitas com o currículo, os enfrentamentos vivenciados para que o
conteúdo obrigatório seja visto à luz da antropologia e, os projetos de ensino e extensão elaborados.
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