Trabalho para Mesa Redonda
MR 53: O FAZER ANTROPOLÓGICO NUMA SOCIEDADE DAS IMAGENS: perspectivas críticas e desafios teóricos e metodológicos aos cânones clássicos
“Exu te ama”: arte e antropologia transgredindo em espaço público
Esta apresentação diz respeito a experiência da Exposição “FestaBaiaGiraCura” que ocorreu no Museu da Cultura Cearense (MCC), dentro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT/CE) gerido pela Organização Social (OS) Instituto Dragão do Mar (IDM) entre 30 de setembro de 2023 e 11 de fevereiro de 2024, em Fortaleza, Ceará. “Exu te ama” é um painel de 24m x 6m, aproximadamente, com letreiro preto e fundo vermelho produzido na parede externa do Museu de Arte Contemporânea (MAC). O painel compôs a exposição “FestaBaiaGiraCura” e causou um enorme impacto visual dentro do CDMAC, seja pela sua grandiosidade estética, seja pela sua capacidade de inverter, insubmisso e transgressor, o racismo religioso contra as culturas afro-indígenas do Ceará. Além desse, outros painéis estiveram ao longo da exposição como “Arreda, homem, que chegou mulher” e “Não chuta que é macumba”. Duas salas no MCC com fotografias de terreiro e materialidades como um grande altar para a Rainha Pombagira Sete Encruzilhadas integraram a exposição. Na varanda dos museus, nas rampas de acesso às salas do piso inferior do MCC, mais fotografias. Por fim, no hall de acesso, um assentamento de Exu e um vídeo da Pombagira girando. Logo após a inauguração da exposição uma parlamentar da Assembleia Legislativa do Ceará (ALECE) filiada ao Partido Liberal (PL) requereu a retirada do painel “Exu te ama” alegando que o mesmo agredia os valores cristãos e não poderia estar em espaço público. Apesar do pedido da deputada, o painel não foi retirado e permaneceu até o final da exposição. Fruto de mais de vinte anos de produção de conhecimento dentro das Ciências Sociais e Humanas, e com recorte na celebração dos quarenta anos do terreiro de Umbanda e Candomblé Cabana do Preto Velho da Mata Escura / Ilé Asé Ojú Oyá, a exposição provocou reflexões em todo o Brasil e integrou arte, antropologia, pesquisa, teoria e prática. Este relato de experiência contribui para os fazeres antropológicos e artísticos desvelando intersecções, também, na prática antirracista.