Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 055: Etnografias de processos de resistência de povos indígenas em Estados e governos de exceção
Processo de recuperação territorial na Retomada Kaingang Gãh Ré, Morro Santana, Porto Alegre/RS
Em 18 de outubro de 2022, poucos dias antes do segundo turno mais acirrado das eleições presidenciais
contemporâneas, indígenas Kaingang retomaram seu território ancestral ao sopé do Morro Santana (Porto
Alegre/RS) em área que, supostamente, pertencia a uma família de banqueiros que enriqueceu com a Ditadura
Militar o Grupo Maisonnave, ou os maionese, como passaram a ser chamados pelos indígenas. Fruto de pesquisa
etnográfica para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Ciências Sociais, busco aprofundar a discussão
acerca da conjuntura específica da ação retomada (Alarcon, 2013), circunscrevendo-a na ideia de "drama
social" (Turner, 1982) para, então, examinar o processo de territorialização a partir de situações sociais
específicas, que dialogam com o cenário de crise e com a mobilização política da etnicidade e dos laços de
parentescos. Convém destacar que esta coletividade kaingang estava territorializada na periferia do Morro
Santana, região conhecida como Jardim do Verde e, que a partir de uma tentativa de reintegração de posse, de
ameaças de grupos ligados ao tráfico de drogas e de assédio da especulação imobiliária, os indígenas
resolveram retomar seu território ancestral, para que as gerações mais novas pudessem crescer e reproduzir o
modo de vida dos kofá, os antigos kaingang. Insere-se, portanto, no âmbito das discussões sobre conflitos
fundiários e a resistência indígena, visando à garantia do modo de vida kaingang e à preservação do meio
ambiente.
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