ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 055: Etnografias de processos de resistência de povos indígenas em Estados e governos de exceção
Processo de recuperação territorial na Retomada Kaingang Gãh Ré, Morro Santana, Porto Alegre/RS
Em 18 de outubro de 2022, poucos dias antes do segundo turno mais acirrado das eleições presidenciais contemporâneas, indígenas Kaingang retomaram seu território ancestral ao sopé do Morro Santana (Porto Alegre/RS) em área que, supostamente, pertencia a uma família de banqueiros que enriqueceu com a Ditadura Militar o Grupo Maisonnave, ou os maionese, como passaram a ser chamados pelos indígenas. Fruto de pesquisa etnográfica para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Ciências Sociais, busco aprofundar a discussão acerca da conjuntura específica da ação retomada (Alarcon, 2013), circunscrevendo-a na ideia de "drama social" (Turner, 1982) para, então, examinar o processo de territorialização a partir de situações sociais específicas, que dialogam com o cenário de crise e com a mobilização política da etnicidade e dos laços de parentescos. Convém destacar que esta coletividade kaingang estava territorializada na periferia do Morro Santana, região conhecida como Jardim do Verde e, que a partir de uma tentativa de reintegração de posse, de ameaças de grupos ligados ao tráfico de drogas e de assédio da especulação imobiliária, os indígenas resolveram retomar seu território ancestral, para que as gerações mais novas pudessem crescer e reproduzir o modo de vida dos kofá, os antigos kaingang. Insere-se, portanto, no âmbito das discussões sobre conflitos fundiários e a resistência indígena, visando à garantia do modo de vida kaingang e à preservação do meio ambiente.