ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 037: Corpo, reprodução e moralidades: disputas de direitos e resistência à onda conservadora
Reflexões sobre o impacto da formação médica para a garantia do acesso aos direitos reprodutivos de mulheres e meninas
Este trabalho diz respeito aos dados de pesquisa de pós-doutorado em andamento pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que tem como tema a formação médica na residência em obstetrícia em duas maternidades públicas na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo é analisar como a formação do médico impacta na assistência e, consequentemente, no acesso aos direitos reprodutivos, levando em consideração o recorte de raça e classe. A pesquisa busca compreender como a formação de jovens médicos impacta na compreensão destes em relação ao cuidado, à humanização da assistência, violência obstétrica, altos índices de cesárea e a vacinação contra Covid-19 em gestantes. A metodologia desse trabalho conta com observação nas maternidades das reuniões clínicas, eventos internos e entrevistas com os residentes. Os achados pertinentes até agora apontam que os residentes reconhecem as inequidades nos serviços de saúde e buscam estar de acordo com as melhores práticas recomendadas pela OMS, mas esbarram em questões institucionais que consequentemente se apresentam como uma barreira para a efetivação de direitos das mulheres. Reconhecem as práticas compreendidas como violência obstétrica e a repudiam, no entanto, questionam os limites que a estabelecem. Outro achando interessante diz respeito ao incomodo apresentado pelos residentes com a relutância persistente das usuárias do serviço em aderirem a vacinação contra a Covid-19. Além disso, reconhecem que a melhoria da assistência durante o pré-natal, o consentimento livre e esclarecido para a realização de intervenções e a comunicação entre médico e paciente são as principais ferramentas para a melhoria do cuidado e da experiência das mulheres e meninas. Dessa forma, a formação do médico e a responsabilização do Estado aparecem como pontos chaves para assegurar que a assistência ao ciclo gravídico puerperal se concretize de forma digna.