ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 092: Retomadas, tessituras e insurgência no fazer antropológico e outros fazeres.
VAMOS ABRIR A RODA, ENLARGUECER! - Reflexões Sobre Ser Pesquisadora/Amiga/Vizinha/Intelectual Ao Fazer Campo Em Meu Próprio Bairro
Neste artigo, reflito à luz das Epistemologias Feministas Negras e da Antropologia Feminista o processo experiencial que vem sendo realizar etnografias a partir de observações em festas de pagode e paredão no meu bairro, em Salvador/Bahia. Basicamente, a ideia é refletir sobre como as posturas se modificam durante o percurso de observação quando informo ou deixo de informar que estou fazendo pesquisa, quando esperam uma pesquisadora diferente nas confirmações no Instagram e subitamente surge eu, a vizinha, ou o oposto, quando estou dançando e me divertindo e me questionaram se aquele momento é de fato pesquisa. Esse limite existe? Nós mulheres negras - tendo como objeto o pagode ou não - estamos o tempo inteiro levando nossas experiências como construção de subjetividade, dialogando com nossos familiares, reconfigurando raça/classe/ gênero e as demais interseccionalidades e obviamente fugindo das experiências únicas, tal qual os Feminismos Negros nos ensinaram. Ao mesmo tempo, uma vez que atravessadas pelo conhecimento acadêmico, ainda ecoam em nossos ouvidos Geertz, Malinowski e autores da Antropologia Clássica, sugerindo um distanciamento que além de parecer mágico, soa irreal para as nossas experiências de pesquisa. Neste artigo, irei tentar conectar alguns conhecimentos caros aos Feminismos (como o Ponto de Vista Feminista e a Noção de Conhecimento Situado) para debruçar-me sobre as etnografias que venho realizando e de como, a interlocução deixa de ser pela observação mas acionada por outros sentidos como o afeto e a dança.