Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 092: Retomadas, tessituras e insurgência no fazer antropológico e outros fazeres.
VAMOS ABRIR A RODA, ENLARGUECER! - Reflexões Sobre Ser Pesquisadora/Amiga/Vizinha/Intelectual Ao Fazer
Campo Em Meu Próprio Bairro
Neste artigo, reflito à luz das Epistemologias Feministas Negras e da Antropologia Feminista o processo
experiencial que vem sendo realizar etnografias a partir de observações em festas de pagode e paredão no meu
bairro, em Salvador/Bahia. Basicamente, a ideia é refletir sobre como as posturas se modificam durante o
percurso de observação quando informo ou deixo de informar que estou fazendo pesquisa, quando esperam uma
pesquisadora diferente nas confirmações no Instagram e subitamente surge eu, a vizinha, ou o oposto, quando
estou dançando e me divertindo e me questionaram se aquele momento é de fato pesquisa. Esse limite existe?
Nós mulheres negras - tendo como objeto o pagode ou não - estamos o tempo inteiro levando nossas
experiências como construção de subjetividade, dialogando com nossos familiares, reconfigurando raça/classe/
gênero e as demais interseccionalidades e obviamente fugindo das experiências únicas, tal qual os Feminismos
Negros nos ensinaram. Ao mesmo tempo, uma vez que atravessadas pelo conhecimento acadêmico, ainda ecoam em
nossos ouvidos Geertz, Malinowski e autores da Antropologia Clássica, sugerindo um distanciamento que além
de parecer mágico, soa irreal para as nossas experiências de pesquisa. Neste artigo, irei tentar conectar
alguns conhecimentos caros aos Feminismos (como o Ponto de Vista Feminista e a Noção de Conhecimento
Situado) para debruçar-me sobre as etnografias que venho realizando e de como, a interlocução deixa de ser
pela observação mas acionada por outros sentidos como o afeto e a dança.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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