ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 051: Envelhecimentos, Interseccionalidade e Cuidados
Envelhecer no abrigo: entre a Igreja, o Estado e a Iniciativa Privada
As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) se apresentam de formas diversas, principalmente no que se refere a seus aspectos socioeconômicos e estruturais. A depender da época e do local em que foram fundadas, o estilo arquitetônico e a condição socioeconômica das pessoas idosas institucionalizadas, o cotidiano nessas instituições apresenta particularidades como a presença de rituais e símbolos religiosos específicos e rotinas perpassadas pela dinâmica religiosa. Por outro lado, o Estado, ao adentrar nessas instituições que possuem viés caritativo, também traz elementos e ritos específicos e atrelados à práticas biomédicas de cuidado. Neste trabalho discutiremos as características da rotina de cuidados de idosos institucionalizados em uma ILPI fundada pela Igreja Católica em meados do século XX. A instituição, situada no interior do estado de Pernambuco, no nordeste brasileiro, recebe aporte funcional e financeiro da Prefeitura local, além de doações de materiais diversos por parte de empresas locais. O espaço físico em que a ILPI funciona faz parte do conjunto arquitetônico de uma igreja construída em 1752 e sofreu poucas modificações. O corpo funcional da instituição está organizado em duas partes: uma composta por funcionários da prefeitura pertencentes ao quadro da secretaria de saúde, como enfermeiros, médico (no singular), fisioterapeutas e nutricionistas e; b) outra composta por cuidadoras de idosos pertencentes ao quadro funcional da própria ILPI. Sob a forma de doações, a instituição ainda recebe equipamentos, produtos alimentícios e produtos de higiene pessoal por parte de empresas locais. Nesse sentido, Igreja, Estado e iniciativa privada formam um tripé por meio do qual a instituição se sustenta e atua na prestação de cuidados aos idosos institucionalizados, criando uma rotina de cuidados caracterizada pelo viés caritativo, tensões entre saberes biomédicos e não-biomédicos, perpassada por interesses econômico-financeiros e sociais. Em meio a disputa pela prestação desse cuidado necessário, homens e mulheres envelhecem sem muita agência sobre as decisões que são tomadas a seu respeito.