Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 104: Visualidades Indígenas
Protegendo e fazendo Kukràdjà: os filmes da aldeia mebêngôkre AUkre
Desde os primeiros contatos com as câmeras e filmadoras de jornalistas interessados em sua história de
luta e resistência, das diversas pessoas que passaram pela base de pesquisa Pinkaiti com seus aparelhos
eletrônicos para registro e ainda com os diversos projetos, como o Mekaron Opôi Djôi, o Kayapó Vídeo
Project e o Kukràdjà nhipêjx do Museu do Índio que se empenharam em auxiliar na implementação do audiovisual
no cotidiano das aldeias, os mebêngôkre da aldeia AUkre têm contato com esses aparelhos e, cada vez mais,
vêm construindo uma soberania visual, além de uma forma própria de se fazer filme.
Nas etnografias sobre os mebêngôkre, o termo kukràdjà aparece como central na análise sobre a sua vida
social, principalmente se tratando da transmissão e aquisição de conhecimento, nomes, prerrogativas,
enfeites, acessórios. Convencionou-se traduzir como algo próximo ao que entendemos como cultura, tradução
feita não só por pesquisadores, como também, em alguns momentos, pelos próprios mebêngôkre e que, dentre
outras coisas, se refere principalmente as formas de ser e de conhecimento mebêngôkre, como também uma forma
específica desse povo de aquisição de saberes e equipamentos que vem de fora.
O presente trabalho é uma reflexão oriunda da minha dissertação de mestrado e que pretendo desenvolver em
meu doutorado sobre como as imagens produzidas pelos cineastas da aldeia metaforizam aqui tomando como Roy
Wagner (2017) concebe o termo o kukràdjà em seus filmes e em como esses filmes acabam sendo entendidos
eles mesmos como kukràdjà, sendo introduzidos como repertório significativo próprio.
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