ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 104: Visualidades Indígenas
Protegendo e fazendo Kukràdjà: os filmes da aldeia mebêngôkre A’Ukre
Desde os primeiros contatos com as câmeras e filmadoras de jornalistas interessados em sua história de luta e resistência, das diversas pessoas que passaram pela base de pesquisa Pinkaiti com seus aparelhos eletrônicos para registro e ainda com os diversos projetos, como o Mekaron Opôi D’jôi”, o Kayapó Vídeo Project e o Kukràdjà nhipêjx do Museu do Índio que se empenharam em auxiliar na implementação do audiovisual no cotidiano das aldeias, os mebêngôkre da aldeia A’Ukre têm contato com esses aparelhos e, cada vez mais, vêm construindo uma soberania visual, além de uma forma própria de se fazer filme. Nas etnografias sobre os mebêngôkre, o termo kukràdjà aparece como central na análise sobre a sua vida social, principalmente se tratando da transmissão e aquisição de conhecimento, nomes, prerrogativas, enfeites, acessórios. Convencionou-se traduzir como algo próximo ao que entendemos como cultura”, tradução feita não só por pesquisadores, como também, em alguns momentos, pelos próprios mebêngôkre e que, dentre outras coisas, se refere principalmente as formas de ser e de conhecimento mebêngôkre, como também uma forma específica desse povo de aquisição de saberes e equipamentos que vem de fora. O presente trabalho é uma reflexão oriunda da minha dissertação de mestrado e que pretendo desenvolver em meu doutorado sobre como as imagens produzidas pelos cineastas da aldeia metaforizam – aqui tomando como Roy Wagner (2017) concebe o termo – o kukràdjà em seus filmes e em como esses filmes acabam sendo entendidos eles mesmos como kukràdjà, sendo introduzidos como repertório significativo próprio.