ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 081: Os limiares do corpo: a circulação de substâncias corporais e a produção de pessoas e relações
A busca por biomarcadores de transtornos mentais: notas introdutórias sobre as relações entre luz, vida, informação e loucura
O presente trabalho pretende refletir sobre pesquisas científicas contemporâneas situadas na intersecção entre biologia molecular, genética, bioquímica e bioinformática e que voltam seus esforços para a identificação de biomarcadores de transtornos mentais. Inspirando-se no trabalho de Hans-Jorg Rheinberger (2000), pretende-se explorar como os vários elementos que organizam técnicas, experimentações e conceitos científicos, nos mostram os novos arranjos entre as práticas biomédicas contemporâneas e suas materialidades. Segundo Rheinberger, as conquistas epistêmicas fundamentais do início da história da biologia molecular estão atreladas a duas condições: A primeira diz respeito à migração do interesse de pesquisa para elaboração de modelos de sistemas biofísicos, bioquímicos e genéticos simples, como bactérias, vírus e macromoléculas. A segunda se refere ao desenvolvimento tecnológico no âmbito da biofísica, bioquímica e genética, como a cristalografia de raio X, ultracentrifugação analítica, cromatografia, dentre outras. Assim, se quisermos observar o processo de estabilização de moléculas, genes e de quaisquer outros marcadores biológicos, precisamos orientar nosso olhar à coprodução das teorias científicas e das técnicas. Ao nos voltarmos sobre o espaço de tradução entre a técnica, experimentação e a elaboração de conceitos científicos, poderemos obter outras imagens da relação entre saber/poder a partir daquilo que se faz antes de um biomarcador tornar-se um fato científico. Neste cenário, substâncias corporais molecularizam-se sob a forma de proteínas, metabolitos e transcriptomas em sua relação com dispositivos laboratoriais e algoritmos, articulando-se em uma crescente infraestrutura cujo desenho experimental estabelece relações entre luz, vida, informação e loucura, apontando para os limiares de regimes biopolíticos contemporâneos e rearticulando o velho debate acerca dos determinantes biológicos da loucura.