Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
As narrativas de solidão da personagem Macabéa: mulher, nordestina, migrante
O objetivo da pesquisa é estudar as narrativas de solidão da personagem Macabéa, a problemática da
pesquisa perpassa o modo como os preconceitos de xenofobia, gênero e raça refletem na construção de
subjetividades de mulheres nordestinas migrantes, na literatura, quando Clarice Lispector escreveu a
personagem Macabéa, no livro A hora da estrela. Aparece um sentimento de não pertencer à cidade do Rio de
Janeiro pela protagonista: [...] limito-me a contar as fracas aventuras de uma moça numa cidade toda feita
contra ela (LISPECTOR, 1998, p. 15). Sperber (1983) mostra como a protagonista não tem lugar, o espaço
ocupado por ela é nenhum. É nessa hostil metrópole, que ela vai sentir solidão: [...] todo mundo é um pouco
triste e um pouco só. A nordestina se perdia na multidão. Na praça Mauá onde tomava o ônibus fazia frio e
nenhum agasalho havia contra o vento (LISPECTOR, 1998, p. 40). A Macabéa é uma personagem feminina que foi
criada por um homem, o narrador Rodrigo S. M., que escreve a partir de sua percepção, de forma violenta, sem
ter empatia pela protagonista. Já nesse começo, percebemos que a história é narrada por um homem carioca
olhando para vida de uma nordestina. Para tal análise, embaso-me na concepção de linguagem proposta por
Austin (1990), Derrida (1988) e Butler (2018). Deste modo, estudar as narrativas que envolvem a construção
da personagem Macabéa se tornam importantes à proporção que o preconceito e à exclusão das mulheres
nordestinas é uma realidade na cidade do Rio de Janeiro.
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