Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 013: Antropologia das práticas esportivas e de lazer
Segue o Jogo: Futebol e Tribunais no Rio Grande do Sul
A antropologia do esporte vem realizando importantes pesquisas sobre o futebol profissional e amador; sobre a cultura de arquibancada, também sobre os megaeventos esportivos e a formação de jogadores, desde as categorias de base até os circuitos profissionais. O PPGAS/UFGRS, à partir da linha de pesquisa sobre esportes abrigada dentro do GAEP (Grupo de Antropologia da Economia e da Política), tem uma tradição em investigações pioneiras no tema. Esperamos que este projeto contribua no empreendimento mais amplo de virar o olhar antropológico para o futebol e suas instituições.
A pesquisa em curso visa destacar um aspecto crucial que ainda não foi trabalhado em profundidade: o impacto significativo dos tribunais desportivos na realização do futebol como espetáculo. Estas instituições de caráter privado atuam sobre o esporte como entidades reguladoras e de “accountability que permitem a resolução de conflitos dentro ou fora do estádio de maneira definitiva. Buscaremos neste trabalho estabelecer uma conexão entre a ideia de “seguir o jogo como uma função do árbitro de campo e do TJD. A etnografia destas instituições, apoiada por um diálogo com a antropologia econômica e a antropologia do direito, permitiria entender melhor as diferenciações entre uma abordagem do direito comum e o desportivo, como o caráter privado destes tribunais impacta no seu funcionamento e como funciona a produção de conceitos jurídicos ou de governança sobre tudo aquilo que envolve o futebol profissional.
Particularmente interessantes são os casos que envolvem atos transgressores por parte de torcedores ou torcidas organizadas: Como e por quais motivos os tribunais estabelecem entendimentos de culpabilização ou penalização para clube, torcedor individual ou torcida organizada? Até onde estas três figuras são distinguíveis e separáveis dentro da lógica da justiça desportiva? Ao tentar responder esses questionamentos, planejo mobilizar os dados etnográficos produzidos ao acompanhar o cotidiano do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul.
A hipótese levantada é que existe uma preocupação por parte dos tribunais desportivos em manter o jogo de futebol como um espetáculo ininterrupto e cujas variáveis extra campo sejam controladas. Nesse sentido, associamos a figura dos tribunais desportivos à posição do árbitro de campo, que de forma similar está incumbido e performa em campo para que o jogo siga sem maiores interrupções ao espetáculo.
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