ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 104: Visualidades Indígenas
O cinema de Olinda Yawar: diálogos entre cinema, território e mudanças climáticas
Este resumo tem como proposta apontar questões no que diz respeito aos diferentes modos e percepções de mundo, a partir do cinema e do olhar indígena da cineasta Olinda Tupinambá. Articulando a luta de seu povo, o ativismo ambiental à produção cinematográfica, o uso do audiovisual tem sido um importante arma de luta e resistência, aliado a questões emergentes junto a luta dos pataxó hã hã hãe: Como a retomada de suas terras e a denúncia junto aos diversos conflitos sobre seus territórios. O termo arma de luta é bastante empregado e difundido no movimento, principalmente entre os cineastas indígenas que, volta e meia, recorrem a esta expressão para invocar o sentido principal de se produzir imagem pelos povos indígenas. A câmera enquanto objeto/corpo pode ser comparada ao arco, o ato de disparar/clicar ao lançar a flecha, a imagem captada à caça e o cineasta/fotógrafo ao caçador. (Xacriabá, 2018). A incursão de Olinda no cinema se deu através de um curso realizado em 2015. No final do curso, segundo ela: resolvi que eu queria fazer um documentário para apresentar na faculdade, porque naquele momento eu imaginava que era a melhor forma para eu passar meu trabalho para a comunidade, eu queria que eles também tivessem acesso ao que eu estava produzindo. Neste sentido acabei fazendo um documentário. E, eu acho que foi algo pensado muito mais por uma coisa interna, da comunidade, que uma coisa externa, confesso que teve isso”. Assim sendo, este trabalho visa a partir de uma análise antropológica da produção fílmica de nossa interlocutora, ancorada em uma revisão bibliográfica, discutir a relação do ato de fazer cinema, um cinema contracolonial e o debate ambiental ao longo dos trabalhos de Olinda. Nas primeiras contatações, fica evidente uma forte relação do fazer cinema de Yawar com a terra, com o sagrado, com a ancestralidade, um movimento cosmológico. A produção de Olinda Tupinambá, é antes de tudo, uma produção sobre e com a terra. A maioria dos meus filmes, eles trazem com eles essa questão da terra. Meu primeiro filme, foi um filme que fala do retorno a terra, ele fala sobre a vida do cacique Nailton que é um dos líderes da comunidade e quais foram essas estratégias criadas por ele para retornar para terra, para retomar a terra, porque os indígenas tinham sido expulsos. No segundo momento a gente consegue reconquistar a terra, retomar as terras e voltarmos para porção maior da terra. Depois eu faço um outro filme que fala sobre as mulheres que alimentam, que são 4 personagens que falam como que foi esse retorno para a terra, voltar a mexer com a terra, uma terra que estava doente. Depois tem outro que é Kaapora-O chamado das matas”, que fala sobre um projeto de recuperação ambiental que eu tenho, na verdade kaapora é o nome do projeto”.