ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Trabalho para SE - Simpósio Especial
SE 07: Antropologias mundiais: Politicas associativas, políticas da etnografia (WCAA/ABA)
Experiência etnográfica em contexto pós-colonial e território urbano: um estudo sobre o Hip-hop Angolano
Nesta apresentação, buscaremos explorar o contexto que possibilitou a chegada do hip-hop em Angola, como a diáspora ocasionada pela guerra e o intercâmbio entre angolanos vivendo fora e dentro do país, e as fases deste movimento que estão diretamente relacionadas ao cenário político, econômico e social: II) hip-hop contra a guerra, quando as narrativas clamavam pela paz; III) hip-hop político, quando quase todos os esforços são no sentido de questionar o poder vigente e as desigualdades e reivindicar transição presidencial como fator necessário para estabelecer a justiça social; e IV) hip-hop africanista, quando os ativistas buscam uma quebra de paradigmas na história ao lançar mão de elementos que os ajudam a afirmar sua identidade e valores africanos. Além dessas fases nitidamente marcadas, trazemos também produções contínuas que as atravessam e que lançam mão dos elementos da cultura hip-hop para falar de diversão, de amor, de superação e autoestima. Imaginar uma Angola pós-colonial pode ter muitas perspectivas, mas todas mobilizam sentimentos que remetem à luta pela libertação nacional, à guerra civil e à paz – estão intrinsecamente ligadas ao sonho de um país independente. Para quem permaneceu no país, há posições transgressoras e que buscam promover uma ruptura e há aquelas integracionistas e que reificam as relações de poder, enquanto entre aqueles que vivem fora há quem espera pela consolidação das mudanças prometidas ainda na guerra anti-colonial para retornar e há quem encontre mais liberdade para contestar e denunciar o “regime” residindo em outros países. Os fluxos e refluxos que possibilitam a chegada do “Global Hip-hop” à Angola são trazidos a partir das narrativas de diferentes atores do contexto local: os que emigraram devido à guerra civil e os que se mantiveram no país. As trocas estabelecidas entre estes dois segmentos, como veremos, configurou as cenas locais do contexto angolano. A linha histórica traçada a seguir é elaborada a partir do repertório e trajetória de vida de 13 personagens: Kizua, Kool Klever, Nelboy, Pobre Sem Culpa, Samurai, Marita Vênus, Kota Nguma, Kambolo, Girinha, Gangsta, Phathar Mak, MCK, Yanick Afroman, Miguel Neto e Klaudio Bantu. Suas vozes aparecem misturadas e vão se complementando em diferentes períodos do percurso do hip-hop angolano.