Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 078: O campo biográfico-narrativo e a prática etnográfica: diálogos possíveis
O encontro com mariam pessah: apontamentos sobre trajetória, noção de pessoa, ethos e lesbianidade.
Trato aqui de um relato sobre o meu Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Sociais chamado Amor,
Placer, Rabia y Revolución: Apontamentos sobre a noção de pessoa em mariam pessah orientado pela Dr.ª Jurema
Gorski Brites. Guiada pela perspectiva de um alargamento do universo do discurso humano (Clifford Geertz,
1989) procurei dar visibilidade a trajetória de mariam pessah: poeta, escritora, fotógrafa, artivista e
lésbica. Utilizo a etnografia como um gênero literário que entrelaça teoria, método, epistemologia e ética
na construção do diálogo entre dados e discussão teórica (Claudia Maria Coelho, 2016). Por meio desta
abordagem, foi possível compreender a importância de ter atenção com relação aos objetos apresentados pelos
interlocutores para dessa forma seguir os caminhos de compreensão por eles apresentados e suas respectivas
categorias nativas. Em contato com a pesquisada e triangulando outros dados - crônicas, poemas, diário de
campo, entrevista narrativa - a fim de localizá-la histórica e socialmente, elaborei uma narrativa
biográfica da mesma, que apresenta a presença da pesquisadora numa perspectiva de produzir saberes
localizados, tal qual escreve Donna Haraway, (2009). Por fim, observei que mariam expressa em sua escrita
uma vivência associada a lesbianidade como categoria política e que essa vivência se traduz em um ethos
compartilhado e marcado pelo apagamento histórico (Tânia Navarro-Swain, 2004) e a heterossexualidade
compulsória (Adrienne Rich, 2012). Neste trabalho, destaco elementos dessa vivência lésbica que re-elaboram
uma noção de pessoa específica que possui seus próprios repertórios de símbolos significantes (Geertz,
1989), como vocabulários, bandeiras, datas comemorativas, memórias, lutas e poemas.