Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 066: Imagens emergentes: antropologia e (re)montagens de arquivos audio-visuais
Imagens por vir: levantes e confluências para práticas de mundos
O colapso ambiental ameaça a existência da espécie humana, fazendo do planeta, um mundo-sem-nós,
conforme indicam a filósofa Débora Danowski e o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro,(2017). Ao
discorrerem sobre as causas (antrópicas) e as consequências (catastróficas) da crise planetária que vem se
desdobrando em escala mundial e em velocidade acelerada, os autores sinalizam que embora tenha começado
conosco, muito provavelmente terminará sem nós. [...] Nosso presente é o Antropoceno, mas este tempo
presente vai se revelando um presente sem porvir (p.20).
Para pensar saídas para esse cenário e a possibilidade de criação de outros mundos, entendemos que é preciso
criar outras possibilidades de imaginar o futuro para além das perspectivas que podemos vislumbrar hoje -
moldados por uma realidade achatada, em que simplificamos as narrativas lógico-formais à conceitos e
enunciados que se esgotam em si mesmos (RODRIGUES, 2021, p.2). Narrativas essas, que produzem imagens
temíveis e terríveis do futuro, pautadas na armadilha de um destino comum e de um único ideal de
desenvolvimento que abarca, para além de toda a humanidade, todas as outras formas de vida na terra.
Diante da iminência do fim do mundo ou do fim do futuro e do questionamento de nossas heranças alicerçadas
no modernismo para podermos imaginar outros designs, nos questionamos: há designs por vir? Considerando a
crítica ao capitalismo como insuficiente para dar conta das diversas crises que vivemos, torna-se imperativo
o abandono da mitologia do progresso moderno.
Para isso, entendemos que é preciso ampliar a capacidade de imaginação para de fato construirmos outras
saídas para as crises que nos assolam. Buscando pistas que nos ajudem a pensar outros futuros, encontramos
nas imagens o potencial de mobilização de imaginários abertos, que agem como levantes capazes de colocar em
diálogo outras cosmologias e outras possibilidades de habitar a terra, a partir de construções narrativas
que nos permitam contar outras histórias de futuros que não nos parecem claros agora.
O futuro é ancestral, afirma Ailton Krenak. Não teremos futuro sem o resgate das cosmovisões sustentáveis do
passado. Através das imagens que iremos apresentar propomos pensar em outros designs a partir da confluência
e transfluência de saberes e de vidas que resistiram ao projeto aniquilador da modernidade e assim, praticar
outros mundos com aqueles que têm se dedicado a suspender a queda do céu. Olhar para outras práticas como
levantes contra a violência e a destruição vivenciada por diversos povos até os dias de hoje.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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