ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 066: Imagens emergentes: antropologia e (re)montagens de arquivos audio-visuais
Imagens por vir: levantes e confluências para práticas de mundos
O colapso ambiental ameaça a existência da espécie humana, fazendo do planeta, um mundo-sem-nós, conforme indicam a filósofa Débora Danowski e o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro,(2017). Ao discorrerem sobre as causas (antrópicas) e as consequências (catastróficas) da crise’ planetária que vem se desdobrando em escala mundial e em velocidade acelerada, os autores sinalizam que embora tenha começado conosco, muito provavelmente terminará sem nós. [...] Nosso presente é o Antropoceno, mas este tempo presente vai se revelando um presente sem porvir (p.20). Para pensar saídas para esse cenário e a possibilidade de criação de outros mundos, entendemos que é preciso criar outras possibilidades de imaginar o futuro para além das perspectivas que podemos vislumbrar hoje - moldados por uma realidade achatada, em que simplificamos as narrativas lógico-formais à conceitos e enunciados que se esgotam em si mesmos (RODRIGUES, 2021, p.2). Narrativas essas, que produzem imagens temíveis e terríveis do futuro, pautadas na armadilha de um destino comum e de um único ideal de desenvolvimento que abarca, para além de toda a humanidade, todas as outras formas de vida na terra. Diante da iminência do fim do mundo ou do fim do futuro e do questionamento de nossas heranças alicerçadas no modernismo para podermos imaginar outros designs, nos questionamos: há designs por vir? Considerando a crítica ao capitalismo como insuficiente para dar conta das diversas crises que vivemos, torna-se imperativo o abandono da mitologia do progresso moderno. Para isso, entendemos que é preciso ampliar a capacidade de imaginação para de fato construirmos outras saídas para as crises que nos assolam. Buscando pistas que nos ajudem a pensar outros futuros, encontramos nas imagens o potencial de mobilização de imaginários abertos, que agem como levantes capazes de colocar em diálogo outras cosmologias e outras possibilidades de habitar a terra, a partir de construções narrativas que nos permitam contar outras histórias de futuros que não nos parecem claros agora. O futuro é ancestral, afirma Ailton Krenak. Não teremos futuro sem o resgate das cosmovisões sustentáveis do passado. Através das imagens que iremos apresentar propomos pensar em outros designs a partir da confluência e transfluência de saberes e de vidas que resistiram ao projeto aniquilador da modernidade e assim, praticar outros mundos com aqueles que têm se dedicado a suspender a queda do céu. Olhar para outras práticas como levantes contra a violência e a destruição vivenciada por diversos povos até os dias de hoje.