Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 093: Ritmos negros e periféricos: Hip-hop, Música e Identidades
Epistemologia feminista negra do barulho: A musicalidade negra e genderizada no hip-hop brasileiro
No Brasil amplia-se um expoente do movimento hip-hop a partir da música negra periférica. O movimento, a
batida, as letras envoltas em um misto de expressões de pensamento, as muitas batidas por muito apresentam
um barulho - a construção de uma sonoridade que dá vazão ao narrar a si próprio, a tornar-se sujeito de seu
próprio discurso, como traz Lélia Gonzalez. Mulheres negras cis, transexuais e transvestis são agentes
epistemológicas dentro de diversos espaços, inclusive no cerne da musicalidade. Neste sentido, o presente
trabalho objetiva explorar como esses corpos brasileiros, genderizados e racializados têm produzido saberes
a partir da música oriunda do hip-hop em transformações. Na mesma medida em que aciono, o meu corpo enquanto
uma mulher negra, cis, bisseuxal, periférica e inserida na cultura hip-hop, ouvinte e vivente da vida
envolta à epistemologia feminista negra do barulho. A episteme produzida no fazer e narrar a si próprio, em
primeira pessoa, é uma faceta constitutiva da composição da epistemologia feminista negra do barulho,
demarcando lugar de sujeitas de nossos corpos marcados por opressões mas também por faces de resistência,
saber, ancestralidade e vivência cotidiana. Explorando as contribuições de Patricia Hill Collins acerca da
epistemologia feminista negra para vislumbrar uma epistemologia feminista negra do barulho que rompe com o
silêncio, desafia horizontes de existências, questiona a epistemologia dominante e corrobora com o tornar-se
corpo-sujeito do conhecimento e da própria existência. Entendido sob luz dos ritmos do atlântico negro de
Paul Gilroy. Discutindo horizontes antropológicos e possibilidades para a visualização deste fazer que se
reinventa e intersecta com marcadores sociais. A presença preponderante da experiência, à luz de elementos
da diáspora negra como tambores, atabaques, tantans e berimbaus, o uso da linguagem disruptiva que é criada
e nomeada como forma são facetas deste saber que se alimenta e é criado por estes corpos a partir de ritmos
inventivos.