Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 043: Desenvolvimento e conflitos socioambientais: práticas de apropriação territorial e alternativas transformadoras
Desenvolvimento(s) e financeirização das UHES da Bacia do rio Uruguai RENK, Arlene e WINCKLER, Silvana
O objetivo do texto é analisar a racionalidade política e as formas de controle dos empreendimentos hidrelétricos na bacia do rio Uruguai, no trecho nacional, inicialmente implantados sob a égide governamental. Configurou-se num campo de disputas, com tensões entre aqueles que se opunham aos empreendimentos, atingidos e lideranças comunitária, e o segmento favorável, expresso nos representantes das prefeituras, em busca de benefícios, tais como a Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos. Nesse contexto, geraram um quadro de disputa no qual os primeiros foram levados ao silenciamento, quando não à criminalização. O mote do desenvolvimento, sob as mais diversas rubricas (emprego temporário, filantropia empresaria, green washing) encontrou adesão entre a elite local. O processo de construção das obras nesse trecho do rio de 1973 a 2022, foi permeado de conflitos e trouxe diversos danos que não poderiam ser qualificados como desenvolvimentista, seja, pelo deslocamento populacional, fracionamento de comunidades remanescentes, danos aos meio ambiente, esfacelamento de colônia de pescadores, dentre outros. E, por último, não menos importante, as obras foram construídas com vultosos recursos do BNDES. O controle acionário mudou significativamente de mãos, como indica o mapeamento prévio, e atualmente encontra forte parcela nas mãos de empresas eletrointensivas e empresas transnacionais. Outro fato observado é a financeirização dos empreendimentos, recorrem ao IPO [inicial public ofering] da abertura do Capital na Bolsa de Valores, seja na B3 ou noutra no exterior, completa o ciclo da financeirização natureza.
Palavras-chave: campo de disputa; financeiriazação da natureza; IPO.