ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 026: Antropologia, memória e eventos críticos
São Paulo cidade transatlântica: memória afro e resistência quilombola
Atualmente, na cidade de São Paulo, em territórios devassados por grandes projetos metroviários e imobiliários, um conjunto de vestígios materiais de africanos e afro-brasileiros escravizados no período colonial tem sido desenterrado. A exemplo disso, no bairro da Liberdade durante as escavações de um empreendimento, em 2018, foram encontradas ossadas dos tempos de escravidão, comprovando a existência do Cemitério dos Aflitos, até então conhecido apenas por meio de documentos. Fatos como este reacendem debates sobre a presença africana na São Paulo colonial, sobre suas formas de resistência seja nas irmandades religiosas ou nas lutas quilombolas. A partir de uma perspectiva centrada na produção antropológica africana, em especial nos estudos do antropólogo Georges Niangoran Bouah e nas análises de Beatriz Nascimento, este trabalho visa estimular o conhecimento sobre as origens étnicas dos escravizados na São Paulo colonial e suas vinculações com a resistência quilombola contra portugueses ensejada na costa africana no século XV. Na contemporaneidade, há por parte dos movimentos sociais e diversos segmentos da população negra paulistana uma busca por reconhecimento do seu patrimônio cultural, ao qual é atribuído sentido identitário. No entanto setores mais abastados da sociedade paulistana, associados ao capitalismo neoliberal manifestam-se em estratégias e narrativas de não reconhecimento desses bens enquanto patrimônio local e nacional. Parece haver conivência dos órgãos públicos municipais e estaduais responsáveis por esse legado. Portanto, também se visa com este trabalho contribuir em questões contemporâneas referentes a salvaguarda da memória e patrimônio negros localizados na metrópole paulista.