Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 068: Liderança: estilos, modos, formas, problemas e exemplos entre camponeses, quilombolas e povos tradicionais
Protagonismo Feminino na Comunidade Quilombola Nossa Senhora do Livramento, no município de Igarapé
Açu-Pará
Kauany Victória Silva Souza (UEPA), Tais Oliveira (UEPA), Joâo Luiz da Silva Lopes (UEPA)
O objetivo deste artigo é evidenciar a atuação das mulheres quilombolas nas lutas sociais, de um povo
que sofre cotidianamente com resquícios do preconceito vivenciado por seus antepassados, visto que não
existiam dados sobre as comunidades quilombolas no IBGE até o ano de 2022. Torna-se necessário descrever o
papel das mulheres negras como protagonistas de sua própria história e na luta pelos seus direitos sociais e
territoriais. A comunidade remanescente de quilombos Nossa senhora do Livramento está localizada na antiga
estrada de ferro, mais conhecida como Belém-Bragança no município de Igarapé Açu que fica aproximadamente
150 km da capital do Pará, onde há diversos vestígios históricos da primeira ferrovia amazônica. Nesse
contexto, a comunidade emerge como um cenário de resistência e empoderamento da mulher negra, onde elas
desempenham papéis fundamentais na condução das lutas sociais e na busca pela garantia de seus direitos. O
estudo demandou uma abordagem qualitativa, materializada em um trabalho de campo, no qual utilizamos como
técnica de coleta de dados, assim como a entrevista semiestruturada com a presidente e a vice-presidente da
associação. Os resultados apontam essas mulheres como guardiãs da cultura e da identidade quilombola, que
enfrentam desafios diários, desde a preservação de suas tradições até a conquista de espaços de
representatividade e participação nas decisões que afetam suas vidas e seu território. Um exemplo desse
ativismo é a principal organização local ARQUINSEL (Associação dos Remanescentes de Quilombos Nossa Senhora
do Livramento) criada no ano de 2009, está sob a gestão de 10 lideranças femininas, cargos que são
tradicionalmente ocupados por homens. Todavia, o protagonismo dessas mulheres é evidenciado não apenas pela
ocupação de cargos de liderança na Associação, mas também pelo seu engajamento ativo em questões como: a
defesa do território, a preservação ambiental, a promoção da igualdade de gênero, o combate ao racismo, a
luta pelos serviços de educação, saúde, saneamento básico, entre outras. O papel das mulheres quilombolas
como agentes de transformação e resistência destaca-se não apenas pela sua atuação dentro de suas
comunidades, mas também pelo exemplo que oferecem para outras mulheres, tanto quilombolas quanto de outras
origens, que enfrentam desafios semelhantes. Assim, é fundamental continuarmos debatendo e valorizando o
papel das mulheres quilombolas, reconhecendo sua importância como agentes de mudança e inspiração na
sociedade contemporânea.