ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 050: Entre arte e política: articulações contemporâneas em pesquisas antropológicas
Testemunhar o vazio: o retrato fotográfico na busca de pessoas desaparecidas no contexto do conflito armado colombiano
O crime de desaparecimento forçado é tipificado na Colômbia desde o ano 2000 e é caracterizado como a privação da liberdade de um sujeito seguida pela negação de fornecer qualquer informação sobre seu estado ou paradeiro às autoridades ou aos seus entes queridos. Ou seja, no cotidiano, é implantada a ausência de uma pessoa sem qualquer tipo de explicação, narrativa, ferimento ou prova que relate o que aconteceu. Diante disso, surge a pergunta: Como testemunhar o desaparecimento forçado? Ou melhor, o que resta quando não há testemunho que dê conta da violência? Marc Nichinian (2012) propõe refletir sobre a violência a partir do que resta do testemunho, ou seja, refletir sobre o que sobrevive depois que a violência nega até mesmo a possibilidade de ver e narrar o dano. Diante disso, mulheres familiares de detidos e desaparecidos têm criado uma série de dispositivos para apontar a ausência dos seus, ou seja, para evocar o vazio sem defini-lo ou preenchê-lo de significados (DIEGUEZ, 2021). Um dos dispositivos mais usados pelas mulheres é a exposição constante do retrato fotográfico do desaparecido em espaços públicos Esta apresentação, partindo de dados e reflexões provenientes de minha pesquisa de doutorado em andamento, aborda o uso do retrato fotográfico dos desaparecidos na Colômbia como dispositivos que testemunham o vazio criado pelo crime. Bibliografía. NICHANIAN, Marc. A morte da testemunha. Para uma poética do resto”. Escritas da violência, vol I: O testemunho. Org. M. Seligmann-silva, J. Ginzburg & F. Hardman. Rio de Janeiro, 7 letras, 2012 DIEGUEZ, Ileana. Cuerpos liminales: la performatividad de la búsqueda. Córdoba: DocumentA/Escénicas. 2021