Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 062: Fronteiras e fabulações: antropologias especulativas e experimentos etnográficos
O corpo-ciborgue imerso no mundo: entrelaçamentos entre literatura e Antropologia
O trabalho em comento, objetiva desenvolver um panorama e uma conexão entre as diversas formas de viver
e se fazer presente no mundo por meio dos campos da Antropologia, e literatura, focando na figura do
ciborgue. Imaginar diferentes possibilidades de existências e interações é um tópico essencial para estas
áreas e algo que sempre despertou meu interesse. Julgo necessário a discussão de conceitos antropológicos em
uma abordagem transdisciplinar para, por meio de discussões futuras, entender o corpo ciborgue (que será
colocado em pauta na pesquisa), como possibilidades de futuro e existências dissidentes.
A partir de leituras em Antropologia, com as abordagens imaginativas propostas pela imagem-conceito do
ciborgue, objetivo comparar para estabelecer uma reflexão de futuros possíveis. Assim, busco um lugar
antropológico-fictício, na ideia de permanecer entrelaçando reflexões tanto antropológicas, quanto
fictícias, nesse lugar de compartilhamento de saberes e interseções. Tenho o intuito desenvolver uma
comparação, a partir de leituras em Antropologia e na literatura de ficção científica das abordagens
imaginativas propostas pela imagem-conceito do ciborgue, para estabelecer uma reflexão de futuros possíveis.
Aqui vale destacar meu lugar na pesquisa, que é o foco que pretendo manter nesse trabalho. Enquanto pessoa
não-binária, me vejo nesse lugar de tensionamento do ciborgue, no limiar irônico da criação. Por me ver
enquanto ciborgue, este trabalho visa desenvolver uma reflexão do panorama atual da visão desse ser-estar
ciborguiano pela sociedade.
A criação de novos corpos é a marca da ciência contemporânea, fazendo pensar pontos éticos, sociais e
políticos, pensando desde organismos transgênicos até corpos transgêneros. Assim, essas tecnologias podem
participar de forma ativa ao pensar futuridades para nossos corpos.
Logo, buscarei conexões entre os dois campos propostos, dando destaque à Antropologia e à ficção
especulativa feminista, sendo o objeto central de análise, o corpo ciborgue. Precisamos fazer uma
reapropriação para definir entidades que são produtos da implosão de categorias, fragmentos de realidade e
ficção, pois não há como delimitá-los; um sempre acompanha o outro. É necessário construir e destruir
simultaneamente categorias, figurações, imagens performativas que podem ser habitadas. E habitar também a
necessidade de gerar relatos de continuidade, com muitas origens e nenhum final.
Aqui retorno à ideia da transposição de fronteiras binárias (sobretudo de gênero) para pensar uma categoria
nova e híbrida que amplia as possibilidades de ser e estar no mundo. A relação estabelecida entre tecnologia
e corpos coloca em questão fronteiras duais e/ou híbridas, assim como a própria relação com o corpo no
contemporâneo.