ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 096: Sexualidade, gênero, raça e territorialidades: articulações, pertencimentos e direitos em disputa
Pensando gênero e a noção de corpo-território a partir do coletivo de mulheres indígenas guajajara Guerreiras da Floresta
O trabalho discute a imposição das categorias de gênero ocidentais e a noção de corpoterritório, a partir do coletivo composto por mulheres indígenas guajajara, denominado Guerreiras da Floresta. A discussão tem como campo teórico norteador as pensadoras da denominada crítica antirracista e decolonial, como a nigeriana Oyěwùmí, Oyèrónkẹ́ e a colombiana Maria Lugones. Além disso, a discussão levantada por algumas pensadoras indígenas como Manoela Karipuna e Aurora Baniwa sobre o Movimento das Mulheres Indígenas e a noção de corpo território. O coletivo Guerreiras da Floresta se formou no ano de 2012 e é composto por cerca de 20 a 25 mulheres guajajara, da aldeia Maçaranduba, da Terra Indígena Caru, localizada no oeste do estado do Maranhão. O grupo de mulheres guajajara tem como objetivo principal apoiar e promover ações de cuidado e proteção territorial, bem como de sensibilização no entorno da Terra Indígena. As Guerreiras da Floresta usam tecnologia de satélites e patrulhas na mata para inibir a presença de madeireiras em seu território. O resultado: em dois anos, o desmatamento na TI Caru caiu de 2 mil para 63 hectares. A TI Caru fica situada numa zona de transição entre a Amazônia e o Cerrado, onde resta um dos últimos trechos de floresta intacta e contígua no Maranhão. Sendo assim, o trabalho trás as concepções e perspectivas guajajara de cuidado com o que denominam de território”, pensado por elas, como a própria extensão do corpo e do sentido de vida. Além disso, pensa o movimento político e luta dessas mulheres para fora dos limites e de seus lugares de origem, tanto no âmbito estadual, como no contexto nacional. Assim, o coletivo das Guerreiras, é representado aqui como uma iniciativa não muito comum, no universo do trabalho realizado de monitoramento territorial, que tradicionalmente sempre foi ocupado pelos homens. Dessa forma, a noção de corpo-território”, nascida do movimento de mulheres indígenas, é tomada como conceito central para pensar a relação das guerreiras indígenas guajajara nos cuidados com o território e com o movimento político do coletivo para fora das aldeias. A pesquisa insere-se numa abordagem teórico conceitual antropológica de pensar o conceito da construção da identidade e sujeito indígena mulher guajajara”, através das discussões das múltiplas formas sociais e culturais de constituição de gênero e sexualidade em diferentes sociedades ou segmentos sociais, e assim, problematizar a naturalização ocidental do conceito de gênero. Para isso, é de fundamental importância os trabalhos de algumas pensadoras indígenas, sobre feminismo indígena ou movimento de indígenas mulheres, a partir do coletivo Guerreiras da Floresta, tanto nos cuidados com o território, como na luta política dentro do Movimento.