Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 006: Antropologia audiovisual com fotografias e filmes: da película ao digital
Imagens e instalações de resiliências: o experimentar de uma professora da/sobre a EJA
Busco com esse trabalho apresentar experimentações na produção de grafias como fotografia e instalação, enquanto formas de expressão e comunicação. Parto da visão circunscrita pela minha experiência pessoal, enquanto professora de Ciências Sociais/Sociologia, de uma escola pública, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Tal proposta surgiu da necessidade de conhecer as alunas/os/es da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos. Sentia que, para estabelecer uma relação dialógica, precisava propor iniciativas que abordassem suas percepções sobre o retorno à escola e ao cotidiano escolar. A escuta dessas pessoas sobre suas trajetórias, bem como os enfrentamentos diários por estarem estudando e trabalhando (ou procurando trabalho), tendo uma gama de responsabilidades, engendrou um repensar sobre a minha prática docente. Também fez surgir a vontade de produção de visualidades para externalizar meus sentimentos e minhas reflexões sobre o próprio status social que a EJA e seu público discente tem no nosso país. Comecei a criar imagens e, por meio do sensível, fui experimentando narrativas visuais que tentassem abordar temáticas como evasão e regresso escolar; desafios da condição estudantil e trabalhadora; autorretratos; caminhada etnográfica estudantil pelo colégio no turno da noite. Tais ensaios, junto com uma outra proposta de produção de autorrepresentação discente, compõem o Projeto de Extensão Imagens e Retratos de EJA (@imagens_e_retratos_eja). Aqui pretendo socializar imagens das instalações “O que me arrancou da escola”, “Porque voltei a estudar”, “Mesas Estudantis-Trabalhadoras” que foram montadas no próprio colégio e depois fotografadas por mim. Também a série fotográfica "Mãos Estudantis-Trabalhadoras". Utilizei o ambiente da sala de aula, artefatos da cena escolar como mesas-cadeiras, cadernos, quadro, bem como objetos representativos das temáticas abordadas, na tentativa de trazer fragmentos narrativos e expressar de forma figurada situações. Essas instalações foram remontadas com manuscritos, fotos, áudios e vídeos em exposições realizadas em diferentes espaços culturais da cidade (MARS, Pinacoteca Ajuris, Espaço Força e Luz, UFCSPA, UFRGS) e na VII ALA, com o intuito de levar a discussão para além dos muros escolares e ampliar a visibilidade social da EJA. Nesses eventos locais convidei estudantes para falarem sobre si e suas histórias, pois foi junto com elas/eles que consegui realizar essas produções. Vale registrar que, movida pela força coletiva dessa ação, lancei-me a retomar neste ano a minha trajetória acadêmica, ingressando no curso de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação da professora Fabiene M. V. Gama (NAVISUAL).