ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 052: Estudos de Cultura Material: contribuições da Antropologia e da Arqueologia em um mundo mais-que-humano
MATERIALIDADE DA DESUMANIZAÇÃO Arqueologia de uma humanidade vilipendiada
Este trabalho trata sobre as relações que subjugam os corpos e seus impactos nas relações sociais existentes em nossa realidade, compreendendo que somos frutos dessas relações e que elas moldam a nossa materialidade. Os processos sócio-históricos são responsáveis pela construção da realidade, que se encontra em nosso entorno, e que também forma a realidade material; ou é a materialidade que forma nossa realidade? Dentro destas questões, traçando uma relação panorâmica com os acontecimentos da contemporaneidade, observo como os objetos, os locais e os monumentos trabalham para reduzir a humanidade daqueles seres dotados de uma humanidade não plena. Analiso os processos de desumanização com atenção para compreender o que os sustentam, com a finalidade de destruí-los. Nesse sentido, analiso as relações materiais dentro e fora das residências, pensando objetos de uso cotidiano em sua influência das dinâmicas etno/raciais e da divisão generificadas das tarefas domésticas. Compreendendo como se dá o controle dos corpos femininos que ocupam a função de empregadas domésticas, não somente pela sua função mas também pela materialidade que a cerca. Sendo assim os mecanismo de manutenção do poder colonial, estão dentro e fora das casas. Em nome de um modelo organizativo nossas praças, nomes de ruas são monumentos erguidos os nomes daqueles que no passado serviram como nossos algozes, nesses lugares eles estão em posições heróicas lugares de destaque vestidos como guerreiros que limparam o território de um grande malefício que ameaçava nossa civilização. Heróis da barbárie que hoje chamamos de sociedade! A relação de dominação se dá em muitos âmbitos, se utiliza de meios diretamente violentos ou não se manifestando de forma sutil, se camuflando na violência cotidiana. Na maioria das vezes normalizadas essas relações, subjugam corpos dissidentes se expressando de formas diversas. Entendendo que somente um acesso pleno aos bens produzidos dentro dessa sociedade é uma existência plena, seguimos sendo desumanizados categorizados ainda que de forma velada como inferiores.