Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 086: Povos indígenas e experiências de construções biográficas
Tikuein: não esqueci de minha gente nem do que passei
Tikuein, chamado na Nhaguarai na língua xetá, foi um dos que sobreviveu à violência do contato em meados
do século passado, quando era ainda criança. A frente cafeeira naquela ocasião vivia-se a Marcha para o
Oeste, do período getulista teve seu último impulso e violentamente alcançou os Xetá na Serra dos
Dourados, no noroeste paranaense, causando o total desmantelamento do grupo em uma ação desorganizada do
SPI, ou organizada apenas para removê-los do lugar, sem qualquer plano de atendimento e socorro. A partir da
remoção, a vida de Tikuein foi toda atribulada: morou em várias terras indígenas, trabalhou como boia-fria
no Mato Grosso do Sul, tomou parte e foi absolvido em um processo penal e envolveu-se, em diferentes
momentos, desde os anos 1960, em pesquisas acadêmicas de antropologia e linguística. Buscamos aqui refazer
parte de sua biografia, detalhando sua memória do contato e sua incessante luta pela recuperação de suas
terras originárias. Falecido em 2005, os Xetá permanecem, quase 20 anos depois, sem terem suas terras
demarcadas.
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