ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 029: Arquivos, coleções e objetos de arte: artefatos e invenções em perspectiva etnográfica
As contribuições do acervo Mariza Corrêa para as reflexões sobre a produção de pesquisa antropológica
Mariza Corrêa (1945-2016) foi uma antropóloga brasileira que se dedicou a dois principais temas de pesquisa: os estudos de gênero e a história da antropologia, incluindo uma relação entre esses dois campos. Dentre os trabalhos realizados, dois se destacam na área de história da antropologia. O primeiro é o Projeto História da Antropologia no Brasil (PHAB), que almejou recuperar a memória das décadas iniciais da disciplina no país, principalmente através de entrevistas e do recebimento de documentos dos antropólogos das primeiras gerações de profissionais que atuaram no Brasil. O segundo é o Projeto Antropólogas & Antropologia, um desdobramento da iniciativa anterior, que buscou refletir sobre o silêncio em relação às figuras femininas dessa história – aqui o trabalho consistiu principalmente na busca de informações através de textos, acervos e conversas com pessoas para ajudar na obtenção de dados. Dessa forma, ambas as iniciativas aglutinaram e produziram documentos que hoje estão, principalmente, reunidos no Fundo Mariza Corrêa no Arquivo Edgard Leuenroth (AEL), doado a instituição alguns anos após a morte da antropóloga. A partir disso, essa proposta de trabalho almeja ir mais além de uma análise das potencialidades desse material para uma recuperação de fatos históricos relacionados a esses projetos ou a outros trabalhos de sua autoria. Nesse sentido, busco refletir sobre como o olhar para esse material e para o trabalho de Corrêa pode nos auxiliar a pensar sobre a produção de acervos e de como eles podem contribuir com novas pesquisas (incluindo a relação entre os processos técnicos envoltos na organização e no trabalho cotidiano com esse material); e também na forma como produzimos uma história da antropologia. Para mais, procuro refletir sobre como ir além de uma recuperação sobre o passado da disciplina e do conhecimento sobre determinadas trajetórias, incluindo efetivamente as contribuições que esses novos olhares podem proporcionar e alterar na forma como podemos produzir as pesquisas antropológicas.