Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 073: Mobilidade, memória e etnicidade: trajetórias biográficas e familiares indígenas
Entre Asfalto, terras e serras
Trago para o Grupo de Trabalho experiências que tive no decorrer da minha adolescência, juventude e da
vida adulta para demonstrar que o preparo do corpo da mulher se inicia no momento da sua concepção no corpo
da sua mãe, tem sua continuidade ao seu nascimento e crescimento até ser mãe. Lasmar (2005) associa a
invisibilidade das mulheres indígenas à hegemonia da perspectiva masculina nas ciências sociais, além de
compará-las ao caso da invisibilidade dos próprios índios, uma categoria, segundo a autora, étnica e racial
ainda atrelada a representações enraizadas em fontes remotas, e cuja elaboração inicial recua aos primeiros
séculos da colonização do Novo Mundo. Atualmente, com o passar dos anos, a presença feminina indígena tem
tomado grandes proporções midiáticas, porém, assim como Lasmar, acredito que ainda está em círculos, apenas
voltadas à temática como sangue, a fertilidade ou até mesmo a uma imagem sexual erotizada, mesmo quando
estas mulheres ocupam lugares de destaque. Hoje as mulheres indígenas ocupam a academia, sendo seu corpo o
território sagrado. Assim, cada ato das mulheres torna-se contribuições bibliográficas com suas perspectivas
e memórias por meio de partilha de conhecimentos de mulheres para mulheres.
Visando contribuir com os conhecimentos femininos indígenas, trago presente na minha pesquisa para o
doutorado As esposas do Waí Mahsã. Neste GT tenho por objetivo trazer presente relatos das mulheres que
foram pegas pelos Waí Mahsã (seres que vivem além da visão), e a partir do contato adquiriram doenças, pois
desconheciam as localidades que são consideradas de maior conexão com esses seres na região do Rio Negro,
logo que a paisagem relatada possuía outras características. Dito isso é importante trazer presente que as
mutações que as paisagens sofrem diariamente afeta diretamente não apenas no que diz respeito à conceitos
como urbano e interior, mas à saúde e das memórias e compartilhamentos históricos dos povos indígenas. No GT
proponho a fazer uma reflexão e comparação com os relatos de experiências de mulheres de outras regiões e
estado do Brasil. Cabe salientar que a temática encontra-se em desenvolvimento dentro da pesquisa para o
doutorado, mas a importância de refletir sobre a influência da paisagem na vida dos povos indígenas deve ser
abordado constantemente.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA