ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 060: Experimentos de Ontologia: formas de mundialização desiguais e etnografia como atuar criativo.
Epistemologia vegetal: agência e circularidade das plantas de cura e cuidados no Ver-o-Peso
Este estudo busca compreender a agência e circularidade de plantas de cura e cuidados físicos e espirituais, no setor de ervas do Ver-o-Peso, na cidade de Belém, no estado do Pará, uma das mais antigas e tradicionais feiras da América Latina. Considerando que esses processos estabelecem uma relação intima entre humanos e vegetais a partir de sistemas de conhecimentos de povos da Amazônia, associados a medicina tradicional e ao universo natural das plantas, buscam solucionar questões de saúde, de modo que pessoas que possuem experiência com este tipo de medicina desenvolvem práticas espirituais, que dialogam com a agência vegetal. Contudo, a relação humana com as plantas tem sido motivo de especulação capitalista, geralmente encaradas e instrumentalizadas para os interesses humanos, mas de pouco ou nenhum interesse sobre as espécies de plantas que atuam com seus hábitos, diversidade e presença na vida das pessoas. As plantas têm histórias de vida e participam do cotidiano da cidade, desde as mangueiras que ladeiam suas avenidas aos frascos de garrafadas comercializadas nas feiras, dando seu próprio testemunho existencial, por meio de suas sombras, seus frutos, suas raízes e suas capacidades de cura. As bases teóricas metodológicas desta pesquisa buscam um diálogo etnográfico e interdisciplinar com que expressamente vem sendo chamado de epistemologia vegetal, ou virada vegetal (COCCIA, 2018) que considera as plantas criadoras do mundo, interferindo, modificando, interagindo e organizando a vida dos seres humanos. Em seguida, contribuindo, as Vozes Vegetais (OLIVEIRA et al., 2022) abordando a relação entre seres humanos e plantas, com palavras convidativas para ouvir, aprender e vegetar com as plantas: semear a terra, raízes da diversidade, sociabilidades vegetais e colher frutos, considerando a inteligência, sensibilidade e capacidade de comunicação das plantas (MANCUSO, 2019) entre si e nas suas relações com os seres humanos. De modo que, descentralize da ideia da natureza, em especial os agentes vegetais como mero instrumento humano, e sim atores protagonistas de histórias, promotores de uma diversidade epistêmica. Palavras-chave: Agência. Circularidade. Cuidados. Plantas. Amazônia.