ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 003: Alteridades na universidade: saberes locais e diálogos críticos
Travestilizando as universidades: um estudo sobre o tecer de redes coletivas de resistência das travestis universitárias
Este trabalho é fruto de uma pesquisa de Mestrado em Psicologia Social, ainda em desenvolvimento, na cidade de Belo Horizonte (BH) e Região Metropolitana (RM). A ideia surgiu dos trânsitos e análises que fui construindo, ainda na graduação, a partir do contato com pensadoras/ativistas travestis seja nas pistas, em eventos acadêmicos, nos movimentos sociais, na instituição prisional, nas cenas artísticas, na política ou nas produções acadêmicas/literárias. Tais contatos, à luz dos feminismos, especialmente nas perspectivas interseccional (Collins e Bilge, 2021) e decolonial (Passos, 2019), entrecruzaram-se a experiência enquanto estagiária do Núcleo de Apoio ao Estudante, na luta por vias de democratizar a Universidade. Conforme aproximava do campo, fui percebendo a batalha travada coletivamente pelas travestis, reconhecendo a importância das pistas, mas reivindicando para si ocupar espaços para além da prostituição (Moira, 2016; Passos, 2022). Dentre esses espaços, a educação, historicamente marcada por lógicas coloniais, mas que diante da luta, vem se reinventando (Iazzetti, 2021; Mayorga, Costa e Cardoso, 2010; Passos, 2019; Zanela, 2019). No cenário do ensino superior, para as travestis e mulheres transexuais, tais reinvenções se concretizam a partir da conquista de alguns direitos, como por exemplo: a garantia do uso do nome social e implementação de políticas afirmativas (Iazzetti, 2021). Para além da conquista de tais direitos que se operacionalizam a partir de resoluções nas Instituições e que muitas vezes se apresentam falhas, cabe salientar a importância da tecitura de redes transcentradas. Estas são organizadas pelas próprias acadêmicas como formas de se acolherem e oferecer apoio entre si, criando assim, “respiros” para que continuem na luta e esbocem o caminho para outras companheiras que virão depois (Iazzetti, 2021). Diante do que foi exposto, o objetivo da pesquisa é compreender como o ingresso e a organização em grupos das Travestis dentro do espaço universitário proporcionam um tecer de redes coletivas de (r)existência que contribuam para a permanência delas na Universidade. Mapeamentos iniciais feitos no Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP), a partir de descritores como “Travesti”/“Transfeminismo”, indicam a região sudeste em evidência na discussão. Nesse sentido, em termos metodológicos localizo essa pesquisa como qualitativa (Minayo, 2012). Busco alinhavar os dados documentais levantados no DGP, na qual mapeio as Instituições de Ensino Superior onde travestis e mulheres transexuais acadêmicas estão, aos fatos etnográficos (Peirano, 2008) vivenciados em campo junto a essas estudantes.