Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 096: Sexualidade, gênero, raça e territorialidades: articulações, pertencimentos e direitos em disputa
As travestis e as ruas: uma construção de memória, corpos, irmandade e ativismo.
Aqui, apresento reflexões das experiências vividas, apontamentos teóricos, afetivos e
políticos sobre a construção de uma memória coletiva de uma categoria identitária e política:
as travestis brasileiras. A centralidade deste artigo é refletir como as travestis, no contexto
brasileiro, furaram a bolha de uma memória nacional única para construir memórias
subterrâneas (POLLAK, 1989), uma memória que é coletiva e viva: a partir da tradição oral
(HAMPATÉ BÁ, 2020), que é sistematizada pelas mais velhas, pelos relatos da repressão
policial, das memórias do ativismo e das construções de resistência. Apontar reflexões a
partir da minha experiência de ativista e em conjunto com as memórias, a oralidade e as
notícias veiculadas nos cadernos policiais nos maiores veículos de comunicação do país;
pensar a rua como um palco de construção de memórias, corpos, irmandade e ativismo.
Contar nossas historias é lançar luz sobre as existências e as resistências empreendidas por
travestis no contexto das grandes cidades no Brasil; é rememorar a perseguição policial, a
ditadura civil militar, o exercício do trabalho sexual nas ruas e as primeiras organizações
políticas e sociais do segmento de travestis. Apresentar reflexões sobre as operações de
segurança pública nas grandes metrópoles brasileiras e as estratégias de manutenção da
memória travesti na sociedade contemporânea a partir de uma reivindicação da memória
viva.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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