Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 004: Améfricas: retomadas na antropologia pelo pensamento indígena e da áfrica-diaspórica por meio de experimentos de linguagens e escritas contra-coloniais
Espaço da barbearia na construção da autoestima e subjetividade de jovens negros e periféricos
É em uma das salas do primeiro andar do prédio de uma escola pública da periferia do Distrito Federal, que Davi, 17 anos, estudante do primeiro ano do ensino médio, me perguntou: "qual creme você usa para finalizar o cabelo?". Sua curiosidade despertou em mim uma série de sentimentos conflitantes em relação ao meu retorno a essa escola, dado minhas vivências atravessadas pelo racismo enquanto aluna da mesma instituição de ensino entre 2010 e 2015, como estagiária de uma disciplina de prática docente. Em contraste com o cabelo alisado ou o coque preso no topo da cabeça de quase todas as meninas negras e o cabelo raspado da maioria dos meninos negros de minha época, observo como parte significativa dos/das estudantes negros/negras presentes na sala usam seus cabelos: dedolis, corte americano, waves, box braid e black power.
Nilma Lino Gomes (2003) afirma que as mudanças da percepção sobre o negro no espaço escolar não é mérito da escola em si exclusivamente, ao ressaltar o papel dos movimentos negros unificados para inserção positiva do corpo negro nos espaços e especialmente na mídia. A autora coloca também que a mudança é lenta e tensa, diante da permanência do racismo e da discriminação racial (GONZALEZ, 2020). Por isso, me proponho a refletir sobre alguns aspectos que tocam na desconstrução de estereótipos raciais e construção da autoestima de jovens negros a partir de espaços de barbearias localizadas nas periféricas do Distrito Federal.
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