Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 102: Transições democráticas e controle social: repensando marcações temporais
Mobilizações no atual governo Lula (PT) por reparação de crimes cometidos pelo Estado brasileiro entre
os anos de 1964-1985
Coletivos e grupos de militantes e familiares de pessoas que foram perseguidas, torturadas, que estão
desaparecidas e/ou foram mortas devido a imposição da ditadura militar no Brasil entre os anos de 1964-1985
- e que agora também estão organizados em torno da Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação
e Democracia - vem pressionando o governo federal, especificamente o presidente Luiz Inácio (PT), Lula, para
que a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) seja reinstalada e para que haja o
cumprimento das recomendações da Comissão Nacional da Verdade (CNV), instalada em 2011. No governo atual, e
conforme seu mandato avança, o presidente sinaliza que não quer ficar remoendo o passado e veta a realização
de atos críticos à ditadura militar no período em que serão completados 60 anos pós-golpe. Entretanto, é
também neste mesmo mandato que a Comissão de Anistia, que retoma sua atuação após um período de esvaziamento
durante o governo Jair Bolsonaro (2019-2022), deverá julgar os primeiros casos de reparação coletiva para as
etnias Krenak (MG) e Guyraroká (MS), e julgar a demanda do grupo dos noves chineses. Integrantes destas
etnias e grupo foram torturados e/ou mortos durante a ditadura e a reparação coletiva servirá também para
contar uma parte da história do país, com provas concretas sobre a sistematização do golpe militar. Sendo
marcado por estas dissonâncias, o governo Lula tem sido repudiado entre militantes e familiares devido
principalmente às frustrações, esperas e pelo não cumprimento de promessas de campanha. Por isso, o presente
trabalho se ocupará de colher e apresentar algumas ações e reflexões dos militantes em relação aos avanços e
retrocessos das suas demandas políticas durante o primeiro biênio do terceiro mandato do presidente Lula. É
de interesse também acompanhar como o Estado brasileiro vem sendo manobrado pela atual gestão e quais as
implicações das decisões tomadas por seus agentes na vida/militância de integrantes da Coalizão Brasil. É
importante ressaltar que esta é uma pesquisa recente e sua principal pretensão é compartilhar com este grupo
de trabalho a sua construção inicial, ou seja, as primeiras descrições acerca de um campo de estudos
adensado e amplo. Compreendo que a contribuição desta pesquisa é fazer análises deste material empírico
junto a conceitos e teorias antropológicas já etnografados sobre mobilização social, reparações, direitos
humanos, violência de Estado e funcionamento de instituições públicas.