ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 046: Educação diferenciada e territorialidades: fazeres, conflitos e resistências
Ensinando e aprendendo sobre agroecologia nos Quilombos do Andirá (Barreirinha - AM): possibilidades e desafios da educação profissional
Segundo a lei 11.892/2008, que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, um dos objetivos dos Institutos Federais é ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica”. Ainda que seja um dos objetivos da Rede Federal, são inúmeros os desafios para construção de uma educação profissional que dialogue com as demandas dos grupos sociais vulneráveis, tais quais os quilombolas. Desta forma, a partir da experiência do processo de elaboração e execução do curso de Auxiliar em Agroecologia”, realizado na comunidade Quilombola de Santa Tereza do Matupiri, Barreirinha-AM e envolvendo seis comunidades quilombolas da região do Andirá, destaca-se as dificuldades e possibilidades dos Institutos Federais na oferta de Educação Profissional nos territórios. Evidencia-se a articulação e mobilização de entidades e lideranças quilombolas, bem como a consulta das comunidades quilombolas envolvidas por parte do Instituto Federal do Amazonas campus Parintins, responsável pela execução do projeto, revelando o protagonismo e participação ativa da comunidade em todas as etapas da construção e realização do curso. As taxas de permanência e conclusão significativas dos discentes quilombolas inscritos no curso apontam que a adesão da comunidade e das lideranças quilombolas, a parceria com demais instituições locais e a mobilização de diferentes setores públicos impactam diretamente no êxito das ações de extensão, sobretudo, nas iniciativas realizadas em territórios com distâncias expressivas de grandes centros urbanos e com exigência de uma complexa logística fluvial. Por fim, apontamos a importância do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) dos IF’s e UF’s para atendimento das demandas das populações negras, quilombos, indígenas e etnicamente diferenciadas. O projeto ainda apontou a necessidade de visibilizar categorias nativas da região amazônica e que considerem as intersecções de saberes e conhecimentos afro-brasileiros e indígenas afro-indígena. Nas palavras de Fábio Castro (2018), lançando luz ao complexo "tabuleiro social da Amazônia" e que contemple a diversidade de suas populações e, no caso desta pesquisa/relato de experiência, refletindo teoricamente sobre a categoria de ‘indíobola’ apresentado pelos moradores dos quilombos da região do Andirá.